SAÚDE

Única dose da Sputnik V pode provocar "respostas significativas", revela estudo

As evidências de outras vacinas oferecem suporte para a abordagem de uma única dose

Correio Braziliense
postado em 14/07/2021 06:00
Resultados foram obtidos na Argentina: produção de anticorpos em 90% dos vacinados -  (crédito: Juan Mabromata/AFP - 15/4/21)
Resultados foram obtidos na Argentina: produção de anticorpos em 90% dos vacinados - (crédito: Juan Mabromata/AFP - 15/4/21)

Uma única dose da vacina Sputnik V pode provocar “respostas significativas” de anticorpos contra o Sars-CoV-2, segundo um estudo argentino publicado na revista Cell Reports Medicine. Pesquisas anteriores mostraram que duas doses da substância russa resultaram em 92% de eficácia contra a covid-19. Uma questão importante é se apenas uma injeção alcançaria maior benefício para a saúde pública, permitindo a proteção de uma população maior mais rapidamente.

“Devido ao fornecimento limitado de vacinas e à distribuição desigual em muitas regiões do mundo, as autoridades de saúde precisam urgentemente de dados sobre a resposta imune para otimizar as estratégias de vacinação”, disse a autora sênior, Andrea Gamarnik, da Fundación Instituto Leloir-CONICET em Buenos Aires. “Os dados revisados por pares que apresentamos fornecem informações para orientar as decisões de saúde pública à luz da atual emergência global de saúde.”

As evidências de outras vacinas oferecem suporte para a abordagem de uma única dose. A AstraZeneca mostra eficácia de 76% após uma injeção, e as da Moderna e Pfizer podem induzir imunidade suficiente em indivíduos previamente infectados após uma dose, sem benefício aparente de uma adicional. Esses dados, contudo, são referentes à cepa original da covid-19 e não se aplicam às novas variantes.

No estudo publicado na Cell Reports Medicine, Gamarnik e a equipe compararam os efeitos de uma e duas injeções de Sputnik V nas respostas de anticorpos específicos para Sars-CoV-2 em 289 profissionais de saúde. Três semanas após a segunda dose, todos os voluntários sem infecção anterior geraram anticorpos IgG específicos para vírus — o tipo mais comum de anticorpo encontrado no sangue.

Mais estudos

Mas mesmo dentro de três semanas depois de receber a primeira dose, 94% desses participantes desenvolveram anticorpos IgG contra o vírus, e 90% mostraram evidências de anticorpos neutralizantes, que interferem na capacidade dos micro-organismos de infectar as células. Resultados adicionais mostraram que os níveis de IgG e de anticorpos neutralizantes em participantes previamente infectados foram significativamente maiores após uma dose do que em voluntários totalmente vacinados sem histórico de infecção.

Uma segunda dose não aumentou a produção de anticorpos neutralizantes em voluntários que tiveram covid-19 anteriormente. “Isso destaca a resposta robusta à vacinação de indivíduos previamente infectados, sugerindo que a imunidade adquirida naturalmente pode ser aumentada o suficiente por uma única dose, de acordo com estudos recentes usando vacinas de mRNA”, disse Gamarnik

Mais estudos são necessários para avaliar a duração da resposta imune e para avaliar como os níveis de anticorpos se relacionam com a proteção da vacina. “Evidências baseadas em informações quantitativas guiarão as estratégias de implantação de vacinas em face da restrição de fornecimento de imunizantes em todo o mundo”, disse Gamarnik.

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