Energia Elétrica

Com previsão de melhora nas chuvas, governo limita ativação de usinas térmicas

Até então, por conta da grave escassez nos reservatórios, todas as usinas, até mesmo as mais caras, foram acionadas para atender a demanda e evitar falhas no serviço prestado à população

Agência Estado
postado em 01/12/2021 22:26
 (crédito: Ronaldo de Oliveira/CB)
(crédito: Ronaldo de Oliveira/CB)

Com início do período úmido e previsão de chuvas nos próximos meses, o governo decidiu limitar a geração de energia por usinas termelétricas e importação de energia a 15 mil megawatts médios (MWmédios) ao longo deste mês. Até então, por conta da grave escassez nos reservatórios, todas as usinas, até mesmo as mais caras, foram acionadas para atender a demanda e evitar falhas no serviço prestado à população.

A decisão foi tomada em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nesta quarta-feira, 1º. O colegiado é vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME) e presidido pelo ministro Bento Albuquerque.

Em nota, o Comitê informou que a decisão "busca otimizar o custo total da operação de energia", já que a produção das térmicas é bem mais cara em relação à geração das hidrelétricas. Para bancar os custos dessa e outras medidas emergenciais, o governo criou a "bandeira escassez hídrica", que representa cobrança de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), e prepara um empréstimo de cerca de R$ 15 bilhões, que será diluído nas contas de luz.

"A medida privilegia o uso dos recursos mais baratos, conforme necessidade, concomitantemente à esperada recuperação do armazenamento dos principais reservatórios do País ao longo da estação chuvosa em curso", informou o MME em nota.

Contudo, o órgão foi cauteloso em relação à situação. Considerando o início dos armazenamentos nos reservatórios das hidrelétricas, as restrições relativas aos usos múltiplos da água e as incertezas intrínsecas associadas à evolução chuva em 2022, a decisão foi manter medidas excepcionais para o atendimento à carga e garantia do fornecimento de energia no próximo ano. A aplicação das ações será reavaliada periodicamente.

Mais cedo, em audiência pública no Senado, o presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que a situação do armazenamento nos reservatórios é mais "tranquila" neste ano, mas demonstrou incertezas sobre 2022, ano de eleições presidenciais. "Em outros anos já aconteceu de começarmos bem e por conta de algum efeito, variável dentro deste modelo, as coisas complicarem", disse.

De acordo com dados do ONS, com o período de chuvas e a melhoria das condições do solo, houve um aumento da quantidade de água que chega aos reservatórios, com destaque para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Como resultado, foi possível dar continuidade para o preenchimento dos reservatórios de relevantes hidrelétricas, contribuindo para o armazenamento em todos os subsistemas, com exceção do Norte, em comparação com o final de outubro de 2021.

Em relação aos próximos meses, o comitê sinalizou projeções de melhorias para os armazenamentos de água até maio de 2022 e o pleno atendimento de energia sem o uso da "reserva operativa", ou seja, das usinas térmicas acionadas, mas sem injetar energia na rede. "Projeta-se que o armazenamento do subsistema Sudeste/Centro-Oeste em maio de 2022 estará em cerca de 55,9% - ou 12,9 pontos porcentuais acima do nível verificado em 31 de maio de 2021, considerando a repetição do cenário crítico de chuvas verificado no período chuvoso de 2020/2021."

 

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