CPI da Covid

CPI: Luana Araújo diz que Brasil segue na "vanguarda da estupidez mundial"

Infectologista anunciada como secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, mas que acabou vetada no Planalto criticou, em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (2/6), o tratamento precoce contra a doença

Jorge Vasconcellos
postado em 02/06/2021 11:52 / atualizado em 02/06/2021 11:53
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)
(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

A médica Luana Araújo, que foi anunciada como secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde mas que não chegou a ser nomeada no cargo, criticou, nesta quarta-feira (2/6), o fato de o Brasil ainda estar discutindo temas como tratamento precoce de pacientes com o novo coronavírus. Foi durante o depoimento que a infectologista está prestando à CPI da Covid do Senado.

Luana abordou o assunto ao ser perguntada pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), se ela e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegaram a discutir o tratamento precoce, por meio de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid, e medidas não farmacológicas, como o distanciamento social. Em resposta, a depoente disse que o Brasil não deveria estar ainda debatendo um assunto que já é "pacificado em todo o mundo". Sobre o tratamento precoce, ela disse que não se pode discutir algo que não existe.

"O ministro Marcelo Queiroga é um homem da ciência. Todos nós somos absolutamente a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, ela não pode se tornar uma política de saúde pública", disse Luana.

Quando questionada novamente pelo relator sobre o assunto, ela respondeu: "Isso nem foi um assunto, senador. Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente. Quando eu disse, um ano atrás, que nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu, infelizmente, ainda mantenho isso em vários aspectos, porque nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento. É como se nós estivéssemos discutindo de que borda da Terra plana a gente vai pular. Não tem lógica. A gente precisa desenvolver soluções, estratégias claras, adaptadas ao nosso povo. A gente precisa ajudar o gestor, que, neste momento, é o ministro Queiroga, a conseguir os resultados que ele precisa".

A médica infectologista também alertou para "o perigo da nossa fragilidade e da nossa arrogância", ao criticar os rumos tomados pelo Brasil no combate à pandemia. "É preciso que a gente aprenda com os outros lugares, com as outras instituições, a gente precisa ganhar tempo. Não há nenhum cabimento isso", disse, voltando a criticar o tratamento precoce.

Veto

Luana Araújo foi anunciada como secretária extraordinária do Ministério da Saúde em 12 de maio. A nova secretaria havia sido criada dois dias antes. No entanto, em 22 de maio, o ministério informou que ela não exerceria a função.

Com o depoimento da médica, a CPI pretende saber se o que impediu sua nomeação no cargo foram as revelações de que ela fez, no ano passado, críticas ao tratamento precoce contra a covid-19, que é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Na ocasião, ao comentar uma publicação de apoio ao uso de hidroxicloroquina, Luana disse se tratar de "neocurandeirismo" e destacou o Brasil "na vanguarda da estupidez mundial". Após as revelações, feitas pela imprensa depois da médica ser indicada para o cargo no ministério, ela apagou a conta na rede social. Senadores independentes e de oposição desconfiam que, por essa razão, ela tenha sido vetada pelo Palácio do Planalto.

 

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