Brasil

População percorre trecho histórico entre Ouro Preto e Ouro Branco para inaugurar restauração de pontes e monumentos

;

postado em 20/04/2008 19:48
Uma caminhada ecológica entre as históricas pontes da Caveira e do Calixto inaugurou, na manhã deste domingo (20), a primeira etapa da recuperação de 10 monumentos no trecho da Estrada Real entre Ouro Preto e Ouro Branco, na Região Central de Minas. Iniciado em setembro, o projeto contemplou a revitalização das pedras de cantaria e melhoria de acesso nos dois locais, por onde transitaram Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792) e os imperadores Pedro I (1798-1834) e Pedro II (1825-1891). Mais de 200 pessoas participaram do percurso de quatro quilômetros. "É um trajeto rico, que guarda marcos da história, apresenta paisagens de grande beleza e conduz a distritos importantes, como Santa Rita, famoso pelas panelas de pedra ", disse Renê Guimarães Ruggeri, diretor da Fundação Educativa Ouro Preto (Feop), entidade responsável pelo gerenciamento do projeto. Além dos dois monumentos, os recursos vão beneficiar as pontes do Falcão e o conjunto da Rancharia, muros de arrimo e bueiros construídos há mais de 150 anos. "As obras continuam amanhã, pois temos recursos em caixa", conta Ruggeri, destacando alguns ícones arquitetônicos da estrada, como um muro de arrimo de pedras, em curva. Localizadas ao lado da rodovia asfaltada (MG-129), as pontes da Caveira, sobre o córrego de mesmo nome, e do Calixto, conhecida como "da Alegria", sofreram menos impactos e danos ao longo do tempo. "Sem trânsito de veículos, elas conseguiram ficar em melhor situação do que as demais", diz Ruggeri. No caso do conjunto da Rancharia, que inclui três arcos de cantaria ; arte criada há mais de 8 mil anos para talhar a pedra e usá-la em construções ;, o restauro foi interrompido, devido a intervenções emergenciais do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/MG) para garantir a segurança. Todo o projeto Pontes da Estrada Real, realizado pela Prefeitura de Ouro Preto com apoio do Instituto Estrada Real/Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (IER/Fiemg), tem patrocínio (R$ 950 mil) do Banco Real, via lei federal de incentivo à cultura. O restauro das construções, formadas por pedras de dimensão média de cerca de 80cm de comprimento, 45cm de largura e 20cm de espessura, é acompanhado de levantamento histórico e cuidado ambiental. Conforme as pesquisas, os 10 monumentos foram erguidos para facilitar a ligação entre a Vila Rica (hoje Ouro Preto), capital da província mineira, e o Rio de Janeiro, sede da corte. Por essa rota, que veio complementar o Caminho dos Diamantes, que nascia em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e o Caminho Velho, ambos seguindo em direção aos portos de Paraty e do Rio de Janeiro (RJ), escoavam, desde o século 17, o ouro e os diamantes rumo a Portugal. A ponte da Caveira, em estilo romano, recebeu, no seu entorno, 400 mudas fornecidas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). SEGURANÇA Desde dezembro, está proibido o trânsito de veículos, com peso acima de quatro toneladas, nas pontes da Rancharia e do Falcão, conforme entendimento entre o Ministério Público Estadual (MPE), representantes das prefeituras de Ouro Preto e Ouro Branco, DER/MG e Polícia Militar Rodoviária. A decisão inclui carretas, caminhões e ônibus. Com base em laudos da UFMG e do DER, os promotores de Justiça apresentaram os problemas decorrentes do impacto nos monumentos, como o comprometimento da sua estrutura e os riscos para motoristas e passageiros. O DER/MG, de acordo com informações da assessoria, planeja construir variantes e acessos para retirar o trânsito sobre as pontes que sofrem maiores impactos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação