Brasil

Desigualdades sociais refletem na educação

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postado em 30/04/2008 12:18

As desigualdades socioeconômicas trazem reflexo na educação e podem atrapalhar o desempenho do Brasil no cumprimento dos seis objetivos do pacto internacional Educação para Todos, assinado por 164 países em Dacar, no Senegal, há oito anos. Os signatários comprometeram-se a atingir metas qualitativas e quantitativas até 2015.

O relatório de monitoramento divulgado nesta quarta (30/04) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revela que o maior desafio brasileiro é superar as barreiras regionais, de gênero, cor, renda e posição geográfica. "Desigualdades entre as regiões são evidentes em todas as etapas educacionais, desde a educação infantil. São proporcionalmente menores no ensino para o qual o acesso encontra-se próximo da universalização. As distâncias regionais se aprofundam no ensino médio e mais ainda no superior", aponta o estudo.

A região Norte apresenta a pior situação na educação infantil (até 6 anos), e a Nordeste está em maior desvantagem nas demais etapas. De acordo com o relatório, o Sudeste só não está na melhor posição no ensino superior, no qual é ligeiramente superado pela região Sul. Em comparação a 1999, as desigualdades regionais em 2006, à exceção da educação infantil, são um pouco menos pronunciadas.

"As maiores desigualdades na freqüência à escola na idade apropriada são encontradas quando se confrontam os segmentos populacionais mais pobre e mais ricos. Na educação infantil, a taxa de escolarização dos 20% mais ricos é quase o dobro da apresentada pelos 20% mais pobres, em 2006. A situação mais grave é a das crianças de até 3 anos: do segmento 20% mais pobre, 9,7% estavam em creches; entre os 20% mais ricos, a taxa era de 29,6%", diz o relatório. No ensino médio, nem 1% dos mais pobres estão matriculados.

As outras do Educação para Todos são: educação e cuidados na primeira infância, universalização do ensino primário, universalização do ensino fundamental, aprendizagem de jovens e adultos, alfabetização de jovens e adultos, paridade e igualdade entre os sexos e qualidade da educação.

Confira a taxa de escolarização da população de 18 a 24 anos, em 2006
Estão na escola (qualquer nível de ensino) Estão no ensino médio
Brasil 31,5 12,2
Norte 32,5 7,5
Nordeste 33,7 6,9
Sudeste 30,4 15
Centro-Oeste 32 14,7
Homens 30,5 10,4
Mulheres 32,5 13,9
Brancos 34,4 18,8
Negros 28,8 6,1
20% mais pobres 25 0,8
20% mais ricos 52,4 40,4

universalização:
A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE revelou que, na faixa dos 7 aos 14 anos, 98% das crianças e adolescentes estão matriculados. Especialistas em educação, porém, costumam afirmar que o percentual não significa a universalização do ensino, mas das matrículas. Isso porque a evasão escolar ainda é alta no país, principalmente no Norte e no Nordeste.

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