postado em 06/05/2008 14:32
Cerca de 500 famílias que ocupam um terreno particular em Carapicuíba estão sendo retiradas hoje (06/05) do local, por conta da reintegração de posse obtida pelo proprietário na Justiça. As famílias residem no local desde 2005, quando a área começou a ser ocupada.
Segundo o líder do Movimento de Moradia Ordem e Progresso, Carlos Eduardo Ventura, representante dos moradores, não houve aviso prévio sobre a reintegração, e as quase 4.900 pessoas souberam que teriam que deixar a área apenas na madrugada de hoje, quando viram os policiais se posicionando. Até o momento, a ação transcorre pacificamente.
Ventura informou, no entanto, que na semana passada a Polícia Militar realizou uma reunião para explicar aos moradores como seria o processo de reintegração. Segundo ele, os ocupantes do terreno pretendiam esperar uma resposta da Justiça sobre um título de empossamento que permitiria a permanência deles na área por 10 anos.
De acordo com Ventura, a prefeitura não interferiu em nenhum momento nas negociações com a Savoy Imóveis e Construtora, que administra a propriedade. Ele disse que grande parte das famílias não tem para onde ir e ressaltou que, caso a reintegração de posse realmente tenha continuidade, aqueles que não tiverem para onde ir ocuparão o ginásio de esportes da cidade.
O advogado da Savoy, José Carlos Baroni, informou que o terreno faz parte de um espólio e é somente administrado pela corretora, que tenta resolver o problema há três anos. A reintegração de posse, que começou a ser feita hoje, é resultado de três processos movidos em 2005 e 2007. Segundo Baroni, os ocupantes do terreno entraram na Justiça pedindo que não fosse feita a reintegração de posse, mas o pedido foi indeferido e o processo deve ser concluído até amanhã. Ele confirmou que a reintegração ocorre pacificamente.
O secretário de Comunicação do município de Carapicuíba, Jamil Pedro Bechara, disse que, até a noite de ontem (5), a prefeitura tentou demover a construtora da idéia de retirar os ocupantes do terreno, mas não obteve sucesso. Segundo ele, a administração municipal pouco pode fazer nesse sentindo, justamente porque a área é particular e não há áreas disponíveis para onde levar as famílias. Ele informou que a cidade tem projetos habitacionais em andamento, de acordo com sua capacidade, mas que não há possibilidade de incorporação dessas famílias aos projetos existentes.
Bechara acrescentou que o processo de reintegração de posse deve durar pelo menos dois dias e que algumas famílias estão indo para casas de amigos e parentes, mas muitas delas ainda não têm para onde se mudar. O secretário também disse que os moradores do terreno já estavam informados sobre a reintegração de posse e que haviam sido avisados pela Secretaria Municipal de Habitação.