postado em 06/05/2008 17:40
Conhecida nacionalmente em novembro passado por causa da prisão de uma adolescente junto a 20 homens, a cidade paraense de Abaetetuba virou uma das principais rotas do tráfico de drogas do país. A denúncia foi feita nesta terça-feira (6) pelo bispo Dom Flavio Giovenale, que participa de uma Audiência Pública da Comissão da Amazônia na Câmara dos Deputados.
De acordo com o Bispo, o crescimento econômico da região não foi acompanhado de um plano de desenvolvimento social. Ele afirmou que muitos jovens, sem opção de trabalho e estudo, acabam dessa forma atraídos pelo tráfico de drogas. Para ilustrar a situação, Dom Giovenale apresentou estatísticas do Ministério da Educação: há um déficit de 1.254 vagas para alunos da 5ª série do ensino fundamental em Abaetetuba. Além disso, entre 2004 e 2006, 71% dos alunos do ensino médio abandonaram a escola.
O bispo também relatou as dificuldades para reprimir o tráfico na região. "Falta estrutura física e operacional às Polícias Civil e Militar. A PM, por exemplo, sequer tem sede própria", destacou. Depois do caso da prisão irregular da adolescente, a carceragem da delegacia do município foi desativada. Com isso, os detentos acabam sendo transferidos para a penitenciária local, que já sofre os efeitos da superlotação. As carceragens têm capacidade para 90 presos, mas abrigam mais de 200 pessoas.
Para o bispo é necessária a presença da Polícia Federal na localidade, que também sofre com a exploração sexual de crianças e adolescentes. O chefe da Divisão de Direitos Humanos da PF, Felipe Tavares Seixas, alegou , porém, que não é atribuição da PF agir nos casos de crime estaduais. Mas ele acredita que a operação Arco de Fogo, deflagrada em 14 pontos estratégicos da região amazônica para combater os crime contra o meio ambiente, poderá ajudar a resolver os problemas do tráfico de drogas e de seres humanos.