postado em 07/05/2008 12:51
Um ;fato novo; ; que surpreendeu tanto os jurados quanto a acusação ; contribuiu para a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang: a nova versão do depoimento de Amair Feijoli da Cunha.
Segundo o promotor do caso, Edson Cardoso de Souza, o réu, já condenado como intermediador no crime, havia afirmado em seu depoimento no ano passado que a ordem para execução da religiosa veio de Bida mas, no julgamento de terça (06/05), desta vez como testemunha de defesa, apresentou outra versão e negou os fatos.
;A presença em plenário do acusado Amair surpreendeu tanto a gente quanto os próprios jurados. Amair disse que Bida não teve participação nenhuma, indo contrário ao que tinha dito no próprio julgamento dele;, informou Souza nesta quarta (07/05) em entrevista à Agência Brasil.
O promotor avalia que o testemunho de Amair provocou ;uma dúvida muito grande; nos jurados, que, por cinco votos a favor e dois contra decidiram pela absolvição de Bida, na 2ª Vara do Juri de Belém (PA).
;Eles [os jurados] não estavam tão errados na absolvição porque surgiu, em plenário, um fato novo, que deixou os jurados um pouco duvidosos.;
Souza reforça que vai entrar com recurso em um prazo máximo de cinco dias, a contar de hoje, pedindo um novo julgamento para Bida, mas não acredita que isso possa acontecer ainda neste ano.
;Estamos preparando um recurso de apelação para o Tribunal de Justiça e quem vai decidir a possibilidade de um novo julgamento são os desembargadores. Sem sombra de dúvida, se houver um novo julgamento, não será mais neste ano.;
Apesar da demora, o promotor de diz confiante de que o pedido da acusação será acatado. Para ele, os desembargadores ;vão entender que foi muito forte a participação de réu [Amair] perante o juri e que merece uma apuração melhor;.
Sobre as ameaças que afirma estar sofrendo há cerca de um ano, Souza admite a possibilidade de estarem relacionadas ao caso Dorothy Stang. Ele diz que, com a absolvição de Bida, os telefonemas e gravações em seu aparelho de secretária eletrônica devem cessar mas, caso o novo julgamento seja concedido, ;a coisa pode[ser] retomada;.
;Ameaças dizendo que minha família vai ser tombada. Preocupado a gente fica, mas é a minha função e a gente não pode deixar de trabalhar.;
Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros em fevereiro de 2005, no município de Anapu, na região oeste do Pará. Brasileira naturalizada, a missionária que nasceu nos Estados Unidos trabalhava há mais de 30 anos em pequenas comunidades e defendia o direito à terra e à exploração sustentável da Amazônia.