postado em 12/05/2008 11:52
Está normalizado o tráfego de caminhões pela rodovia RR-319, na terra indígena Raposa Serra do Sol, a 105 quilômetros de Boa Vista, em Roraima. Os veículos fazem o abastecimento e o escoamento da produção da fazendas de arroz da região. Bloqueada desde o dia 5 por indígenas que exigem a expulsão dos arrozeiros da área, a Transarrozeira foi liberada neste domingo (11/05), após acordo com representantes da Polícia Federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai). As autoridades foram ao local após o Supremo Tribunal Federal determinar o desbloqueio.
"Vamos esperar uns 20 dias pela decisão do STF", disse nesta segunda (12/05) o macuxi e coordenador regional do Conselho Indigenista de Roraima (CIR), Jaci José de Souza. A comunidade, explicou, esperou "por 35 anos (a homologação da terra indígena) e pode esperar mais uns dias". O STF avalia ações contrárias à demarcação da Raposa Serra do Sol em área contínua e promete uma decisão para as próximas duas semanas.
Os indígenas têm reclamado que pela estrada circulam veículos com pessoas armadas com carabinas. Na segunda-feira passada seguranças dos arrozeiro e prefeito de Pacaraima Paulo César Quartiero feriram a tiros 9 indígenas que construíam casas numa área que o fazendeiro afirma ser dele. Ele e seu filho foram presos e transferidos para Brasília.
A Raposa Serra do Sol, homologada em 2005, é uma área contínua de 1,7 milhão de hectares, na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, onde vivem cerca de 20 mil índios. Jaci de Souza acredita que uma decisão favorável aos indígenas deve atrair para a área cerca de mais 5 mil "parentes" que vivem na periferia das cidades. "O pessoal que está na periferia não está muito feliz, não tem como viver bem lá e na comunidade pode fazer roça, caçar."