postado em 14/05/2008 15:26
Mais de 60% dos brasileiros dispostos a enfrentar um processo de adoção preferem recém-nascidos (entre 0 e 6 meses), brancos e do sexo feminino.Em seguida, aparecem as crianças com idade entre 3 e 6 anos (13 7%). As que têm menos chances de serem adotadas são aquelas com mais de 12 anos (1,1%).
Os dados são da pesquisa Percepção da População Brasileira sobre a Adoção, divulgada hoje (14) pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e que faz parte da segunda etapa da campanha Mude um Destino.
O coordenador da iniciativa, Francisco Oliveira Neto, destaca que, atualmente, cerca de 80 mil crianças e adolescentes vivem em abrigos no Brasil. Segundo ele, quanto maior o grau de exigência dos pais adotivos, mais longa é a espera pela guarda da criança.
"Um dos grandes problemas que nós temos é que as pessoas atribuem a demora burocracia e não se trata de burocracia. Existe uma grande diferença entre a criança desejada e a criança disponível para adoção, que é uma criança mais velha.
Neto classifica de surpreendente um dos dados levantados pela pesquisa das 1.562 pessoas entrevistadas, 80% responderam que não têm preferência em relação cor da criança a ser adotada. Para ele, o índice reflete uma tentativa de esconder o preconceito e não a realidade encontrada nas Varas da Infância e Juventude em todo o país.
Atribuímos isso a uma resposta que a pessoa dá socialmente aceitável. Com medo de ser reconhecida como preconceituosa, ela responde que não teria preferência. Outra surpresa, na avaliação de Neto, é o percentual de entrevistados que adotariam uma criança com necessidades especiais (54,9%). Ele garante que o índice também não está de acordo com o que os candidatos a pais preenchem na ficha para adoção.
Isso dificulta, inclusive, o discurso que vamos ter com a pessoa Porque se ela esconde esse preconceito, torna o processo mais difícil para as assistentes sociais, os psicólogos, os juízes e os promotores.