postado em 16/05/2008 19:08
O líder arrozeiro e prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM), foi recebido com fogos e festa nesta sexta-feira (16/05) no Aeroporto Internacional de Boa Vista, após passar nove dias preso na carceragem da Polícia Federal em Brasília. Ele desceu do avião acompanhado do deputado federal Márcio Junqueira (DEM-RR) e saiu em carreata pelas ruas da capital de Roraima. Seu filho, Renato Quartiero, e os seis funcionários da fazenda Depósito, que também estavam presos, chegaram antes, durante a madrugada, e terão folga até o fim do mês.
Ele foi preso pela Polícia Federal em 6 de maio, acusado de posse ilegal de artefato explosivo e formação de quadrilha, um dia depois que funcionários da Fazenda Depósito, localizada na área da reserva indígena Raposa Serra do Sol, dispararam tiros e bombas caseiras contra índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) que ocupavam a propriedade. Nove pessoas foram feridas. Na quarta-feira, ele conseguiu liberdade provisória por decisão unânime do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
A recepção a Quartiero reuniu populares, empresários, políticos e índios que apóiam a permanência dos não-índios na terra indígena Raposa Serra do Sol. Quartiero disse que a decisão dos desembargadores do TRF-1 fez "justiça" em oposição à prisão "arbitrária". Após a carreata, ele seguiu para Pacaraima, que estava sem prefeito desde sua prisão, já que o vice-prefeito, o indígena Anísio Pedrosa, foi pressionado a não assumir o cargo por ter rompido com o arrozeiro e se aliado ao CIR, que exige a expulsão dos não-índios da reserva. "Tenho muitas coisas a resolver em Pacaraima", afirmou Quartiero.
Ele considerou a multa de R$ 30,6 milhões aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) "outra arma política da perseguição do governo Lula" e afirmou que não vai desistir da demarcação em ilhas nem mudar a estratégia de ação. "Vamos continuar na mesma luta. Estamos obtendo êxito e vamos ser vitoriosos". Preso duas vezes desde o início do conflito pela permanência na Raposa Serra do Sol, Quartiero diz não ter medo de voltar para a cadeia. "Não podemos fugir do destino, nem evitá-lo. Não vamos desistir, não vamos ser intimidados, vamos continuar cada vez mais em frente, com mais força, e vamos vencer". Sobre os nove dias que passou na carceragem da PF em Brasília, comentou que a experiência foi "enriquecedora".
A Polícia Federal acusa o arrozeiro de envolvimento na queima de três pontes na Raposa Serra do Sol e na tentativa de explosão de uma viatura policial e dos prédios da PF e da Receita Federal em Pacaraima. A PF afirma ainda que encontrou na fazenda Depósito 149 tubos de PVC com material explosivo, sete equipamentos de fabricação caseira, além de outros aparelhos que podem ser utilizados como armas. Quartiero nega as acusações.