Brasil

País não conseguiu diminuir a incidência da hanseníase na população

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postado em 18/05/2008 08:21
A doença mais antiga da humanidade ameaça uma nova geração de crianças e jovens brasileiros. Traiçoeira, chega sem alardear. Instala-se no corpo com lentidão. Atinge a pele e os nervos. Pode deixar fortes seqüelas físicas e emocionais. O perigo tem nome bíblico: lepra, Mal de Hansen ou hanseníase, como é definida no país desde 1976. A hanseníase é um grave problema de saúde pública. Uma endemia que parece invisível e sem controle. Em 2006, 46 mil pessoas foram atingidas por ela ; cerca de 4 mil com idade inferior a 15 anos. Quatro mil notificados; outros milhares ignorados. A estatística infanto-juvenil representa o dado epidemiológico mais importante. Mede o grau de expansão da doença, confirma a existência de pacientes sem tratamento e indica a gestação de uma tragédia: o garoto de hoje tende a se tornar o adulto indesejável, discriminado ou abandonado de amanhã. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking global de casos descobertos ; uma média anual de 49 mil na última década. Só perde para a Índia, país asiático com densidade populacional 15 vezes maior e duas vezes mais pobre. E até a Índia cumpriu a meta definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a eliminação da hanseníase. Das 193 nações do globo, apenas quatro não reduziram as taxas à média aceitável de um caso a cada 10 mil habitantes ; Brasil, Nepal, Moçambique e Congo. Todos têm índices de desenvolvimento humano inferiores aos do Brasil. A posição do país deve ser motivo de vergonha. Não dos vitimados. Dos governantes. De presidentes, governadores e prefeitos das últimas cinco décadas. ;A lepra deve ser considerada uma questão de direitos humanos;, defende o embaixador mundial para a Eliminação da Hanseníase da Organização Mundial da Saúde (OMS), Yohei Sasakawa. Reconhecido como a maior autoridade sobre a doença no mundo, Sasakawa preside a Nipon Foundation, de Tóquio (Japão). O embaixador acredita que até hoje a discriminação aos hansenianos não foi reconhecida como uma violação de direitos humanos porque os pacientes e suas famílias em vez de lutar contra a injustiça mantêm-se resignados e escondidos da sociedade. É o que acontece com a família de dona Maria, de Paulista (PE). Os filhos dela, um garoto de 9 anos e duas garotas de 15 e 12 anos, são portadores e escondem o segredo. Temem passar por preconceito semelhante ao vivido pela prima, de 12 anos, que mudou de escola por ter se tornado alvo de xingamentos em sala-de-aula. LEIA MAIS NA EDIÇÃO IMPRESSA DO CORREIO BRAZILIENSE

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