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Brasil fica entre os últimos em avaliação internacional de alunos

Especialistas reunidos em São Paulo apontam os principais desafios que o país precisa enfrentar para garantir ensino de qualidade. Eles criticam o baixo investimento e falhas no sistema de avaliação

postado em 22/05/2008 07:56
São Paulo ; É preciso mudar a forma como o país ensina e avalia seus estudantes. A conclusão é de especialistas que participaram do V Seminiário de Outono, evento que discutiu saídas para o ainda deficiente sistema educacional brasileiro. A baixa qualidade tem sido refletida nas provas internacionais como o Pisa (sigla, em inglês, para Programa Internacional de Avaliação de Alunos), aplicado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O último resultado, divulgado em dezembro passado, mostrou um péssimo desempenho do Brasil. Entre 57 países, obteve a 52; posição no ranking de ciências. Em matemática, ficou em 53; lugar e em 48; no exame de leitura. ;Na educação pública, há 2,5 milhões de professores e só metade tem diploma;, ressalta Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação. Na opinião de Andréas Schleicher, chefe da divisão de indicadores e análise do Conselho de Educação da OCDE, além de aumentar o número de professores com curso superior, o Brasil deveria reajustar o salário desses profissionais e qualificar em regime de urgência os que estão na ativa. ;O professor precisa se sentir estimulado;, ressalta Schleicher (leia entrevista nesta página). Para Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, a educação no Brasil só vai melhorar quando o governo aplicar mais recursos. ;O Brasil precisa de capital para quase tudo no ensino. As escolas precisam ser reformadas, há necessidade de construção de novas escolas, de compra de livros e aumento de salário;, aponta o especialista. Atualmente, o país investe entre 3,5% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB) na área. Márcio Feldman, pesquisador de educação da Universidade de Campinas (Unicamp), concorda. Ele cita como sugestão a criação de um imposto semelhante à Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para salvar a educação. Políticas falhas Entre as políticas que não funcionam, Schwartzman cita como exemplo o Bolsa Família e as campanhas de alfabetização de jovens e adultos, que ele compara ao Mobral, instituído nos anos 1950 pelo governo federal. ;Antes, os adultos analfabetos nunca tinham pego um livro nem sentado num banco escolar. Hoje, a maioria deles repetiu vários anos a mesma série e parou de estudar. Alguns lêem, mas não entendem o que dizem as palavras;, ressalta. Schwartzman aponta como maior desafio da educação brasileira melhorar o sistema de avaliação escolar. ;O sistema de avaliação no país é equivocado, pois reprova os alunos com muita facilidade, causando desestímulo;, disse Schwartzman. Aluna do Centro de Ensino Fundamental do Lago Norte, Daniele de Carvalho Martins, 11 anos, repetiu a 2; série quando tinha 8 anos e estudava no Varjão, onde mora. A menina, que hoje freqüenta a 5; série, participou, no ano passado, de uma avaliação nacional: a Prova Brasil, que avalia as habilidades em português e matemática de estudantes das 4; e 8; séries do ensino fundamental. Português, achou fácil. O problema, diz Daniele, está na matemática. ;É muito número, a gente fica confuso.; Embora não tenha ainda o resultado, que será divulgado pelo Ministério da Educação no mês que vem, a estudante acha que não foi bem na avaliação. ;Os meus colegas também acharam muito difícil;, diz. Para ela, as dificuldades com a matéria são herança da escola anterior. ;Os professores atuais ensinam direito. Mas os de antes não sabiam explicar.; Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

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