Brasil

Gays tomam a Avenida Paulista neste domingo

Passeata GLBT pára São Paulo em defesa dos homossexuais. Violência, consumo de drogas e atropelamento são registrados

postado em 26/05/2008 09:14
São Paulo ; Mais de um Distrito Federal inteiro coube neste domingo (25/05) em uma única avenida de São Paulo. A 12; Parada do Orgulho Gay reuniu, segundo estimativas da Guarda Civil Municipal, cerca de 3 milhões de pessoas ; houve quem falasse em 5 milhões. Seis trios elétricos desfilaram a partir do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp), na Paulista, até a Rua da Consolação, uma das mais tradicionais da cidade, das 12h30 até as 18h. A megapasseata, além de servir para cobrar direitos iguais para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT), assustou pela violência e tumulto.

De acordo com a Polícia Militar, que destacou 1.200 homens para acompanhar a manifestação, cerca de 500 atendimentos médicos e 26 ocorrências policiais foram registrados. No posto de emergência localizado na Consolação, as 10 camas ficaram ocupadas o tempo todo. Duas pessoas que vendiam drogas e três rapazes que furtavam celulares foram presos. O trio elétrico do Sindicato dos Enfermeiros atropelou um homem, que foi levado à Santa Casa de Misericórdia e teve uma perna amputada. No final da festa, por volta das 19h, houve atos de violência e vandalismo, além de casos de embriaguez e consumo explícito de drogas na região da Paulista.

;A violência não tirou o brilho da festa. A parada está linda. Acho que é a mais animada até hoje;, defendeu Alexandre Peixe dos Santos, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo. A manifestação, considerada a maior do mundo, foi aberta pela drag queen Silveste Montilla, que contou piadas, animando a multidão. Em seguida, o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays e Transexuais (ABLGT), Toni Reis, disse que, nos últimos 20 anos, mais de 2.800 gays foram assassinados no Brasil. ;Nós queremos que todos sejam tratados de forma igual perante a lei;, disse.

A ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), comandou o trio elétrico do ministério, o segundo a desfilar pela avenida. Muito animada, Marta dançou, distribuiu bandanas com o símbolo do governo federal e defendeu a aprovação do Projeto de Lei 122, que criminaliza a homofobia. ;O turismo gay é um segmento significativo economicamente, ter um marco regulatório é essencial para atrair mais turistas desse segmento;, disse a ministra, destacando que a parada deste ano atraiu 327 mil turistas para a cidade de São Paulo, 5% deles estrangeiros.

Brasilienses
Todos os prédios tradicionais da Avenida Paulista foram enfeitados com as cores do arco-íris, símbolo do movimento GLBT. O edifício da Caixa Econômica Federal expôs um painel com casais gays. A fachada do Conjunto Nacional recebeu balões gigantes. ;A cidade fica linda. Pena que só dura um dia;, disse o bancário Flávio Rezende, que saiu de Recife especialmente para o evento.

Brasilienses também marcaram presença na festa. O relações públicas Cláudio Quintela foi com o ex-namorado e o atual. Ele comparou a parada a um grande carnaval. ;O clima é o mesmo. Da concentração ao desfile, inclusive o final, com um certo ar de fim de festa;, disse. Cláudio gostou tanto que prometeu voltar no ano que vem.

A drag queen Tyffany Scalla, 22 anos, contou que saiu de Jaboatão da Serra, interior de São Paulo, para comemorar. ;Peguei uma van, um trem, fiz cinco baldeações no metrô, mas cheguei montada e provocante;, contou. É como se fosse o nosso Natal. Nada se compara a isso aqui.;

A vendedora Helena Souza, 26 anos, aproveitou para reforçar a renda. Chegou cedo à Avenida Paulista carregada de produtos coloridos. ;Esta é a quarta vez que eu venho. Os gays têm dinheiro e são solidários. Muitos deles compram apenas para ajudar;, disse.

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