postado em 01/06/2008 18:18
Rio - A tortura à equipe de jornalistas de "O Dia" por milicianos na favela do Batan, em Realengo (zona oeste do Rio), chocou autoridades estaduais e dirigentes de entidades ligadas à imprensa. O governador Sergio Cabral (PMDB), em nota, disse que "considera absolutamente intolerável o fato ocorrido com a reportagem de 'O Dia' e determinou rigor máximo nas investigações." Cabral diz que "é preciso fixar que a liberdade de expressão deve ser assegurada. A imprensa precisa e deve fazer o seu trabalho".
O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azêdo, está indignado com o crime. "Isso mostra uma deterioração do aparelho do Estado na área de segurança. Chegamos a um ponto tão grave que gera situações como essa", disse. Azedo lembrou que neste domingo (1º/06), quando saiu a edição do jornal 'O Dia' relatando a tortura, é o Dia da Imprensa e véspera do aniversário de seis anos do assassinato do jornalista Tim Lopes por traficantes na Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão. "O que aconteceu é um sinal de que não se modificaram as condições que conduziram à imolação de Tim Lopes. Seis anos depois aconteceu de novo. É um milagre que a equipe de 'O Dia' tenha sobrevivido."
Para lembrar a morte de Tim Lopes e protestar contra a tortura aos jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Rio vai fazer amanhã, na Cinelândia, um ato de repúdio ao estado paralelo, representado pelas milícias. Em nota, o sindicato diz que "assim como a bomba do Riocentro, em 1981, desmontou a ditadura dos carrascos militares, a tortura dos jornalistas em Realengo, destrói a ilusão de que as milícias possam representar alternativa ao narcotráfico nas áreas sem assistência do Estado". Para o sindicato "se o governo Sérgio Cabral não punir de forma exemplar os torturadores de Realengo, passará à História como cúmplice da tortura no Rio de Janeiro em plena vigência do Estado de Direito."