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HIV: menos de um terço tem acesso a remédio, diz OMS

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postado em 02/06/2008 14:03

Menos de um terço dos pacientes no mundo com o vírus HIV tem acesso aos remédios contra a aids. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 3 milhões de pessoas estão recebendo hoje o tratamento no mundo. Número corresponde a apenas 31% da população mundial que precisaria receber de forma gratuita o tratamento. A marca significa que outros 6,7 milhões de pessoas ainda não contam com os remédios. A entidade já admite que a maioria dos países não conseguirá atingir a meta de dar acesso a todos os pacientes de aids até 2010 e que o mundo precisará de US$ 35 bilhões para financiar o tratamento.

Em 2003, a OMS decidiu adotar a estratégia considerada como exemplar do Brasil para tentar atingir a população mais pobre do mundo. Para isso, contratou na época o então diretor do Programa de Aids do Brasil, Paulo Teixeira. Hoje, a entidade abandonou parte da estratégia brasileira do uso de genéricos e defende um entendimento com a indústria.

Segundo a OMS, quase 3 milhões de pessoas recebem hoje o tratamento no mundo. No total, a estratégia conseguiu multiplicar por sete o número de pessoas atingidas em apenas quatro anos. Em apenas um ano, 950 mil novas pessoas conseguiram acesso aos remédios.

A meta, porém, está sendo atingida com dois anos de atraso. E não é o maior problema. Segundo os especialistas, o número de pessoas infectadas por ano é superior ao total de novos beneficiados pelos medicamentos. Em apenas um ano, 2,5 milhões de novos casos de aids foram detectados, com 2,1 milhões de mortes. No total, 33,2 milhões de pessoas vivem com o vírus, dos quais 2,1 milhões são crianças.

Mas a OMS insiste que a estratégia permitiu importantes avanços. Em 2003, apenas 5% da população mundial afetada pela aids tinha acesso a medicamentos gratuitos, praticamente apenas os brasileiros. Em 2004, essa taxa subiu para 8% e, em 2005, para 15%. Em 2006, a proporção já seria de 22%.

Continentes

Em termos absolutos, a maior crise está na África. No continente, 2,1 milhões de pessoas já recebem o tratamento e a OMS destaca o avanço. Em 2003, apenas 5% dos africanos tinham acesso aos produtos. Mas a realidade é que os remédios deveriam chegar a 7 milhões de pacientes, o que demonstra o desafio que ainda existe pela frente.

Em termos percentuais, os piores cenários são o da Norte da África e o do Oriente Médio. De um total de 100 mil pessoas que precisam do tratamento, apenas 7% recebem os remédios. No Sudão, essa taxa é de apenas 1%. Na Ásia Central, a proporção de beneficiados é de 17% e, no Sudeste Asiático, apenas um a cada quatro pacientes recebe o tratamento, ainda que a taxa seja seis vezes maior que em 2003.

A América Latina tem uma das melhores taxas do mundo, com 390 mil pessoas atendidas das 630 mil que necessitariam. O acesso aos remédios no continente passou de 58% da população em 2006 para 62% em 2007. Mas a região teve um dos menores crescimentos percentuais no último ano, com alta de apenas 13%, contra mais de 50% em outros continentes.

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