postado em 03/06/2008 16:27
Dezoito pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha que falsificava carteiras de habilitação foram presas nesta terça-feira durante a Operação Carta Branca, realizada por uma força-tarefa formada pelo Ministério Público estadual (MP), Polícia Rodoviária Federal, Corregedoria da Polícia Civil, Secretaria da Fazenda do Estado e Agência Nacional de Petróleo (ANP). As falsificações eram realizadas principalmente nas cidades de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e Mogi das Cruzes, a 58 quilômetros da capital. Pelo menos 40 mil carteiras foram suspensas sob suspeita de fraude.
Além de 19 mandados de prisão deferidos pela Justiça, que resultaram nas prisões, a força-tarefa cumpriu também mandados de apreensão em 34 localidades espalhadas pela Grande São Paulo. Foram apreendidos milhares de documentos que comprovam a fraude, computadores, além de dinheiro e prontuários de carteira de habilitação. O esquema da venda dos documentos falsos contava com médicos, psicólogos, despachantes, proprietários e funcionários de auto-escolas, pelo menos um delegado e agentes policiais.
Segundo o MP, os agentes policiais e o delegado Juarez Pereira de Campos, que trabalha na Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Ferraz de Vasconcelos, lançavam falsas informações no sistema de computadores do Detran para emissão da Carteira Nacional de Habilitação. As CNHs eram feitas em papel original, mas os dados dos condutores eram falsos, inclusive exames médicos.
De acordo com as investigações realizadas pelo Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado) de Guarulhos, a Ciretran de Ferraz emitiu, nos últimos dois anos, pelo menos 1.231 carteiras de habilitação falsificadas. Segundo as investigações, a quadrilha mandava carteiras de habilitação falsificadas para o Rio de Janeiro e outros seis estados brasileiros; Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Rondônia. O bando também cobraria para dar baixa na pontuação de multas.
Participação policial
O esquema só era possível, segundo o MP, porque o delegado Juarez Campos participava. Ele e a mulher, Ana Lúcia Máximo de Campos, foram presos nesta manhã em Mogi das Cruzes, na casa onde residem. Ela também é dona de auto-escola. Na mesma cidade, agentes policiais e promotores estiveram cumprindo mandados de busca e apreensão em dois centros de formação de condutores e uma auto-escola. Também foram feitas diligências nas cidades de Poá, Guarulhos e Barueri, na Grande São Paulo.
Em Poá, os agentes tiveram que arrombar uma casa. Ali mora Elaine Gavazzi, dona de uma auto-escola, onde foi encontrado um lote de CNHs falsas, que seria enviado para Minas Gerais. Segundo o Ministério Público, cada carteira falsa custava até R$ 2 mil. Quem comprou o documento terá a habilitação suspensa e pode responder por uso de documento falso.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, participam da ação 70 viaturas e 200 policiais rodoviários. Cerca de 20 promotores do Ministério Público acompanharam a operação.