postado em 03/06/2008 19:42
Diferentes grupos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram nesta terça-feira (03/06) uma propriedade rural, montaram acampamento num terreno cedido e protestaram bloqueando duas rodovias federais no Rio Grande do Sul em quatro ações interligadas, todas executadas na região metropolitana de Porto Alegre. Nas mobilizações, os sem-terra pediram que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) cumpra a promessa de assentar duas mil famílias no estado em 2008. Um acordo firmado em novembro do ano passado previa que mil famílias receberiam seus lotes até abril deste ano, mas o Incra encontrou dificuldades para desapropriar e adquirir terras no prazo estabelecido e teve de adiar o plano.
Em Nova Santa Rita, cerca de cem integrantes do movimento entraram na fazenda Granja Nenê pela quarta vez neste ano e começaram a montar um acampamento. Como já há um interdito proibitório emitido pela Justiça, a Brigada Militar (a PM gaúcha) se mobilizou para retirar os sem-terra, que, no entanto, saíram logo que os soldados chegaram ao local, sem oferecer resistência.
Quase ao mesmo tempo, em Viamão, outro grupo, com cerca de 50 pessoas, montou acampamento dentro de uma chácara à margem da RS-040, alegando que a área estava cedida por um simpatizante. Mas um segundo proprietário do terreno procurou a polícia para denunciar o ato como invasão. Acionada, a Brigada Militar cercou o local, retirou os sem-terra e conduziu cerca de 40 deles a uma delegacia para registro da ocorrência. "Além da invasão, eles cometeram danos ambientais como corte de árvores e queimada de vegetação próxima a uma nascente", afirmou o subcomandante da Brigada Militar coronel Paulo Mendes.
Mais protestos
A ação dos policiais em Viamão desencadeou protestos do MST em outras cidades da região. Em Nova Santa Rita, os sem-terra bloquearam temporariamente a BR-386 durante a tarde desta terça, provocando congestionamentos que chegaram a seis quilômetros. Em Eldorado do Sul, o fluxo da BR-290 também foi interrompido algumas vezes. "Estamos bloqueando a rodovia em solidariedade à companheirada que está sofrendo com a truculência da Brigada", explicou Luciana da Rosa, participante da coordenação estadual do movimento. "Eles sabem que não podemos ser tolerantes ao descumprimento da lei", afirmou o coronel Mendes. "Se houver crime de esbulho, nós tomamos atitudes firmes e rápidas"