postado em 04/06/2008 21:45
O levantamento revela que o Brasil possui mais de 700 mil indígenas distribuídos em 215 tribos. Essa é uma das conclusões do relatório divulgado nesta quarta-feira (04/06) com o objetivo de traçar um panorama dos principais temas relacionados ao desenvolvimento sustentável no Brasil. O relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) uniu 60 indicadores das áreas ambiental, social, econômica e institucional do país. A pesquisa também alertou para a grande área devastada na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica nos últimos anos.
De acordo com a pesquisa, a população indígena cresceu aproximadamente 2,5 vezes entre 1991 e 2000, último ano da pesquisa. Em 91, havia pouco mais de 294 mil indígenas. Área em que se encontra a maior parte da Floresta Amazônica, a Região Norte é a que concentra o maior número de índios. São 213.443 indígenas vivendo nos sete estados, a maioria deles (113.391) no Amazonas. Todos os estados possuem tribos indígenas. O que tem a menor colônia é o Piauí, com 2.664 habitantes.
Em meio à polêmica em torno da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, o estudo do IBGE aponta também um crescimento na regularização das terras indígenas. Segundo o instituto, entre 2003 e 2006, um total de 23.559 quilômetros quadrados foram homologados ou registrados no país.
As informações utilizadas para a elaboração do indicador são oriundas do Censo Demográfico e foram produzidas pelo IBGE e pela Fundação Nacional do Índio (Funai)
Desmatamento
Cerca de 15% da área total da Floresta Amazônica foram desmatadas e algumas formações vegetais características da região já estão sob o risco de desaparecimento , como as florestas do leste do Pará e oeste do Maranhão e as formas de transição do cerrado no Mato Grosso. Segundo o estudo do IBGE, o desflorestamento é realizado principalmente para a formação de pastos e áreas agrícolas, decorrendo ainda da extração predatória de madeira.
Com 13 anos de crescimento ininterrupto, a taxa de desmatamento atingiu um pico em 2004 quando um total de 27.429 quilômetros quadrados foram desmatados, sendo 11.814 quilômetros quadrados no Mato Grosso. Nos dois anos posteriores, foi registrada uma queda nos índices. Em 2006, foram desmatados 14.039 quilômetros quadrados (5.505 quilômetros quadrados no Pará, o estado que mais devastou a floresta).
Apesar da diminuição nas estatísticas, o IBGE destaca que não se pode falar em declínio da taxa, mas em tendência de queda. Isso porque a área total desmatada se aproxima de 20% da floresta original, um dado considerado preocupante pela alta velocidade com que ocorre.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) fez mudanças na metodologia para corrigir imprecisões e efeitos de arredondamento numérico, visando simplificar os cálculos e o melhor entendimento da taxa. Isso explica também as diferenças dos números em relação aos "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável: Brasil 2004".
As informações utilizadas para a elaboração do indicador foram produzidas pelo Inpe e são oriundas do Programa de Estimativa do Desflorestamento na Amazônia (Prodes).
Mata Atlântica
Se o problema da Amazônia é preocupante, a situação da Mata Atlântica é ainda mais grave. De acordo com o estudo do IBGE, a vegetação foi quase totalmente derrubada e substituída por áreas agrícolas, pastoris e urbanas. Hoje restam apenas 10% de sua área original de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados. Boa parte dessas florestas nativas são formações secundárias de pequena extensão e restritas aos locais de relevo mais íngreme. Por conta disso, destaca o instituto, "a Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados de desaparecimento no mundo".
As informações para a elaboração do indicador foram produzidas pela SOS Mata Atlântica.