Brasil

Pesquisa diz que consumo das classes A e B é excessivo

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postado em 06/06/2008 12:22
Se a população mundial adotasse o estilo de vida de 45% dos brasileiros ; na maioria pertencentes às classes A e B ; seriam necessários três planetas Terra para atender a demanda de consumo. A estimativa foi divulgada nesta quinta (05/06), no Dia Mundial do Meio Ambiente, pela organização não-governamental WWF. O dado faz parte de um levantamento encomendado ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), que ouviu, no mês de maio, 2.022 pessoas em todas as unidades da federação do país.

Intitulada Tendências e hábitos de consumo dos brasileiros, a pesquisa mostrou um comportamento individual preocupante, especialmente da elite. No quesito ;tempo gasto no banho;, por exemplo, a maioria das pessoas que passa 20 minutos ou mais debaixo de chuveiro é das classes mais favorecidas economicamente. Por razões também econômicas, entre os 34% da população que comem carne vermelha todos os dias, 49% são das categorias A e B. Eles também são os que mais deixam a torneira aberta enquanto escovam os dentes ; 17% do total.

;Os dados nos mostram que precisamos repensar nossos hábitos e nossa postura. Esperamos que os mais favorecidos economicamente, aqueles com mais acesso à informação e educação, tenham um papel relevante nessa mudança de comportamento. Parece que ainda não assimilamos a finitude dos recursos;, diz Hélio Gastaldi, diretor do Ibope. Para Irineu Tamaio, coordenador do Programa de Educação para Sociedades Sustentáveis da WWF Brasil, o número de campanhas educativas ainda é reduzido.

Ele atribui à campanha de conscientização sobre o uso da energia, feita em 2002, quando o Brasil ficou prestes a sofrer um apagão elétrico, os resultados positivos verificados na pesquisa no que diz respeito à economia de luz: 80% afirmaram desligar os aparelhos e lâmpadas quando não estão em uso e deixar o computador em estado de hibernação (stand by). Apenas 6% admitiram deixar luzes, computadores e TV ligados mesmo quando não há ninguém no ambiente. ;Não houve, nesse ponto, diferenciação entre os estratos sociais, o que mostra uma tendência positiva geral;, afirma Tamoio.

Ainda no que diz respeito aos eletrodomésticos, o levantamento mostrou que os impactos podem piorar, já que 34% da população possui apenas geladeira, entre os quais 78% estão nas classes D e E. ;Note que a tendência é essa camada ter acesso a outros eletrodomésticos, isso vai acontecer e vai gerar pressão sobre os recursos;, afirma Tamoio. Ele destaca não ser contra o consumo. ;O que precisamos é mudar esse modelo de comportamento, com hábitos individuais mais responsáveis;, afirma.

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