Brasil

Bahia tem primeiro condenado por prática de escravidão

;

postado em 06/06/2008 14:50
O juiz da 17; Vara Federal Criminal da Bahia, Cristiano Miranda de Santana, condenou a três anos, quatro meses e 15 dias de reclusão a empresária Cleudete Nilza Sagrilo, acusada de prática de trabalho escravo em suas três fazendas em Baianópolis, a 833 quilômetros a oeste de Salvador. Trata-se da primeira condenação pela acusação de trabalho escravo no Estado.

Santana acolheu denúncia do Ministério Público Federal na Bahia (MPF-BA), que há três anos identificou "condições degradantes e humilhantes de trabalho" de 21 operários - entre elas duas crianças, de 6 e 9 anos, e uma adolescente de 15 - das Fazendas Santa Clara, Progresso e Esperança. Os trabalhadores foram empregados em carvoarias destinadas à produção de carvão vegetal.

Segundo a denúncia, os trabalhadores eram submetidos a jornadas desumanas de trabalho, sem descanso semanal, sem receber salários e deles "era cobrada a parca alimentação oferecida", com valores fixados pelos empregadores. Além disso, segundo o MPF, eles dormiam no chão, não tinham água potável para consumo, nem condições de higiene básicas e espaços adequados para preparação das refeições.

Prestação de serviços
Como a pena estabelecida não foi superior a quatro anos, a condenada não é reincidente em crime doloso e não há indícios de uso de violência ou ameaça contra os trabalhadores, o juiz substituiu a pena por prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas "conforme suas aptidões". O prazo do pagamento da pena é o mesmo que Cleudete teria de cumprir de prisão. Ela também terá de pagar três salários mínimos, a título de prestação pecuniária.

O marido da condenada, Leliano Sérgio Andrade, que também estava sendo processado, morreu antes da decisão judicial. O advogado de Claudete, Isidro Cruz, informa que a cliente, apesar de se declarar inocente - ela se diz ignorante sobre os trabalhos do ex-marido -, não vai recorrer da pena. "Ela disse que vai prestar os serviços, sem problemas", afirma. "Ela está acostumada com trabalho voluntário, já colabora com uma comunidade espírita."

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação