postado em 11/06/2008 18:26
Na semana dos namorados, um balde de água fria nos casais que planejam dizer ;sim; numa igreja coberta de flor ou realizar a cerimônia religiosa em sítios, salões de festa e outros lugares alternativos. O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo, encaminhou nota a todas as paróquias da arquidiocese orientando os padres para que não haja casamentos ;com excesso de gastos e pompas;. No documento, que começou a chegar aos párocos nos últimos dias, o bispo determina ainda que a união seja celebrada em lugares sagrados, como matrizes, capelas paroquiais e oratórios autorizados. ;A desobediência neste sentido torna nula a sua realização;, explicou dom Walmor.
Na Catedral da Boa Viagem, no Centro de Belo Horizonte, um dos templos católicos mais procurados pelos noivos, a proibição de enfeites já é seguida há muitos anos. ;Na verdade, dom Walmor está reafirmando uma determinação da Igreja para valorizar o sacramento. O objetivo é que o espaço litúrgico seja uma expressão de religiosidade, de orações, e não de uma preocupação com a estética;, explica o titular da paróquia, padre Eugênio Barbosa Martins. Na catedral, são feitos sete casamentos por semana, sendo três no sábado, dois nas quintas-feiras e dois nas sextas-feiras.
Assim como nas demais igrejas, a ornamentação está restrita a dois arranjos de flores maiores e cinco menores, além de um tapete vermelho desde a porta da igreja ; nada, portanto, de guirlandas nos bancos, nas colunas e em outros pontos da nave. Na nota divulgada, dom Walmor pede para que todos os padres estejam atentos em relação a quem se apresenta em nome de autoridades eclesiásticas para oferecer serviços. ;É doloroso ouvir, nos meios de comunicação, os altos valores que incorporam as despesas no ato de uma celebração matrimonial, como se fosse uma recomendação ou desejo da arquidiocese;, explicou o arcebispo no documento, que também proíbe bênçãos dos casais em outros locais a não ser na igreja.
A poucos dias do seu casamento, na Igreja de Santana, no Bairro da Serra, na Zona Sul de BH, a analista de negócios Anna Carolina Barroso Machado, de 30 anos, moradora do Bairro Ana Lúcia, em Sabará, na Grande BH, não concorda com a determinação da Igreja. Para ela, a decoração deveria ser opcional. ;Já basta o valor das taxas que os noivos pagam. Acho que a ornamentação deveria ficar a cargo de cada um. Eu gostaria muito de enfeitar os bancos da igreja, pois o casamento é um dia muito esperado.; O técnico administrativo Weviley Montes, de 29, residente no Barreiro, concorda, certo de que é um dia muito esperado pelo homem e pela mulher. ;Vou me casar em outubro na Igreja de São Sebastião e fiquei sabendo das limitações. A união é um projeto de vida e ambos ficam decepcionados com a determinação.;
A médica Laura Jacome de Melo, de 28, moradora do Bairro Cidade Nova, na Região Nordeste de BH, vai se casar na Catedral da Boa Viagem e concorda com a determinação da Igreja. ;Acho que não precisa de muita ostentação, como se fosse uma competição entre as noivas. Acho que o arcebispo está agindo certo;, acredita a médica. Perto de ficar noiva e com planos de se casar em 2009, a vendedora Aline Melone, de 25, que trabalha no Bairro.