postado em 12/06/2008 09:54
Depois de 50 dias de denúncias envolvendo a polícia paulista - incluindo acusações de achaques ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e envolvimento em fraudes nas carteiras de habilitação -, um caso atinge diretamente a cúpula da instituição. Integrante do Conselho da Polícia Civil, o diretor do Departamento Estadual de Narcóticos (Denarc), delegado Everardo Tanganelli Júnior, está sob investigação do Ministério Público Estadual (MPE) por suspeita de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), ele tem salário de R$ 8 mil, mas acumulou um patrimônio de R$ 4,5 milhões.
Promotores apuraram que Tanganelli é dono de seis fazendas em Mato Grosso do Sul, dois apartamentos de luxo em Moema (zona sul de São Paulo) e um de frente para o mar na Praia de Pitangueiras, no Guarujá. Ele também possui dois terrenos em um condomínio de alto padrão na Riviera de São Lourenço (Bertioga), no litoral paulista.
Uma das fazendas, comprada em 1996, custou R$ 750 mil. O contrato de compra e venda estabelecia o pagamento em três parcelas. Um dos ex-proprietários afirmou que até hoje sua família não recebeu quase nada do dinheiro da venda. Disse ainda que Tanganelli ofereceu pedras preciosas como pagamento e o ameaçou, usando do cargo de delegado. O fazendeiro acrescentou que Tanganelli fez questão de frisar que era uma pessoa muito importante e, se tivesse qualquer queixa sobre a negociação, que procurasse seus direitos na Justiça.
Tanganelli passou a ser investigado após denúncia de um delegado que já foi seu subordinado em Santos, Roberto Conde Guerra. Antes de assumir a diretoria do Denarc, Tanganelli era diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 6 (Deinter-6). Ele comandava a Polícia Civil na Baixada Santista, no litoral sul e no Vale do Ribeira. O delegado subordinado, que atuou em Santos, denunciou ao MPE que a cúpula do Deinter-6 recebia R$ 50 mil por mês de propina de donos de máquinas caça-níqueis de Santos.