postado em 17/06/2008 19:03
O ministro da Defesa Nelson Jobim garantiu nesta terça-feira (17) que o Exército irá permanecer no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, mesmo após o profundo abalo causado pela morte de três jovens entregues a traficantes por militares. Com isso, cerca de 200 oficiais continuarão instalados na comunidade. Eles acompanham as obras de infra-estrutura e urbanização do programa Cimento Social. A iniciativa é um convenio entre governo do Estado e Exército, mas está parada desde segunda-feira (16/06).
Jobim esteve na capital fluminense representando o presidente Lula. Ainda no início da manhã, o ministro conversou com o general Enzo Martins Peri no Comando Militar do Leste (CML). A expectativa maior foi depositada na visita do ministro ao Morro da Providência acompanhado do general. O roteiro anunciado previa uma conversa de Jobim com moradores e familiares das vítimas. Mas por motivos não esclarecidos, o trajeto foi encurtado e seguiu apenas ao canteiro de obras do programa Cimento.
A confirmação de envolvimento de militares no episódio dos jovens dada nesta segunda-feira (16/06). Em depoimento na 4ª Delegacia de Polícia , oficiais admitiram ter entregado Wellington Gonzaga Costa, 19 anos, David Wilson Florêncio da Silva, 24 e Marcos Paulo da Silva, 17 a traficantes. A idéia era apenas aplicar um ;corretivo; após um desacato aos oficiais. O desfecho, no entanto, ocorreu de forma trágica, já que o corpo dos rapazes foi encontrado em um lixão da cidade e comprometido pelos tiros.
Presidente da Associação de Moradores, Vera Melo disse ter ficado decepcionada com a postura do ministro. Segundo ela, a alteração na agenda foi um indicativo de que o diálogo está praticamente fechado. ;Não há mais clima para o exército permanecer aqui. Isso deveria ser levado em consideração. Não é assim que as coisas serão resolvidas;, protestou a moradora.
O advogados que representa a comunidade, João Tancredo, também foi duro nas colocações. Segundo ele, a presença do Exército representa uma ameaça à população. ;O exército trata as pessoas de maneira desrespeitosa. Ele está matando moradores, mulheres e as crianças;, sentenciou.
Comissão Externa
A visita do ministro Jobim ao Morro da Providência deve intensificar as apurações sobre o envolvimento do Exército no episódio. Presidente da comissão de segurança pública da Câmara dos Deputados, o parlamentar Raul Jungmann (PPS-PE) - que acompanhou a visita de Jobim ; antecipou que pretende pedir no Congresso Nacional que seja instaurada uma comissão externa para acompanhar o caso. A idéia é que os parlamentares montem um grupo de trabalho em até 15 dias.