postado em 17/06/2008 22:25
A professora de artesanato Benícia Maria Fernandes foi a quarta testemunha a prestar depoimento ao juiz do 2º Tribunal do Júri, Maurício Fossen, no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo sobre a morte da menina Isabella Nardoni. Vizinha da casa dos pais de Alexandre Nardoni, pai da criança e acusado no crime, a testemunha disse que avisou a avó de Isabella, Maria Aparecida Alves Nardoni, para não deixar a criança sozinha com a madrasta, Anna Carolina Jatobá, também acusada do assassinato. "Ela (Jatobá) é tão maluca que qualquer hora ela joga a menina lá de cima", teria dito ela para Maria Aparecida, segundo relato da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ).
A testemunha contou que, certa vez, presenciou uma briga entre o casal, na garagem da casa de Maria Aparecida. Benícia disse que, durante a discussão, viu Anna Carolina atirar uma ferramenta, não identificada, na direção de Alexandre, que conseguiu desviar. A vizinha afirmou que, dias depois, a mãe de Alexandre comentou sobre essa briga. O motivo teria sido uma ligação da ex-esposa de Alexandre, Ana Carolina de Oliveira, atendida pela madrasta de Isabella. Questionada pelo juiz sobre a reação de Alexandre, Benícia contou que ele não se alterou, pegou a esposa pelo braço e entrou em casa. Para a testemunha, Alexandre Nardoni sempre pareceu introvertido e Anna Carolina Jatobá, descontrolada.
Benícia também contou ter visto outro episódio de ciúmes de Anna Carolina. Certa vez, em um churrasco, ela afirmou ter visto a madrasta tirar Isabella do colo do pai para ela se sentar. A menina teria, inclusive, chorado em razão da ocorrência. Porém, a testemunha disse que nunca presenciou maus-tratos contra Isabella.
Benícia não estava prevista para ser ouvida nesta terça-feira (17/06). Seu depoimento estava marcado para o dia 25, mas como mora em Franca, no interior do estado, e se encontrava em São Paulo, o juiz adiantou seu testemunho. Antes de começar o depoimento, a vizinha pediu a retirada do casal acusado do local
Delegada
Após a vizinha da avó de Isabella, começou a ser ouvida a delegada que conduziu o inquérito do caso, Renata Helena Pontes. Segundo ela relatou ao juiz, a primeira informação recebida foi de que a ocorrência teria sido um roubo seguido de morte. Quando Renata chegou no prédio, Alexandre e seu pai, Antonio Nardoni, perguntaram se a polícia havia prendido algum ladrão.
Nas primeiras horas, a delegada afirmou que interrogou o morador do prédio Antonio Lúcio Teixeira ; que contou ter ouvido gritos de "Papai, papai, papai ... pára... pára" ; e o porteiro do Edifício London, Valdomiro da Silva Veloso. Foi então que ela percebeu que a tela na janela do apartamento do casal, no sexto andar, não havia sido cortada pela criança. Ela concluiu, então, de que a ocorrência se tratava de homicídio. "Não tenho notícia de crime patrimonial em que o agente joga uma criança pela janela", disse a delegada.
De acordo com Renata Pontes, entre o momento que ocorreu o crime até a conclusão do boletim de ocorrência, decorreram 18 horas.