Brasil

Situação do casal Nardoni se complica

Testemunha de acusação no processo sobre o assassinato da criança, perita afirma que havia sangue no carro de Alexandre Nardoni. Ex-vizinha conta que madrasta disputava com menina a atenção do marido

postado em 18/06/2008 09:12
Alexandre Nardoni, 29 anos, e Anna Carolina Jatobá, 24, acusados pelo assassinado de Isabella Nardoni, 5 anos, voltaram nesta terça (17/06) ao banco dos réus. Convocado pelo juiz Maurício Fossen, do 2; Tribunal do Júri da Justiça de São Paulo, o casal acompanhou o depoimento de nove testemunhas de acusação. Nesta quarta (18/06), eles poderão ficar pela primeira vez cara a cara com a mãe da menina, Ana Carolina Oliveira, 25, que dará depoimento ao juiz. Todos os depoimentos de terça complicaram a já delicada situação de Alexandre e Anna Carolina.

A primeira testemunha a depor foi a perita criminal Rosângela Monteiro, que coordenou os trabalhos de perícia no carro do casal e no apartamento que serviu de cenário para a morte de Isabella. Ela confirmou ao juiz que havia sangue no Ford Ka que Alexandre conduzia no dia em que a filha foi morta. Segundo Rosângela, as três manchas foram lavadas, mas foi possível percebê-las com o uso de produtos especiais e uma lâmpada que capta partículas minúsculas de sangue humano.

Rosângela também afirmou em juízo que havia manchas de sangue numa fralda encontrada no interior do apartamento. A delegada Renata Pontes, que conduziu as investigações, sustenta que essa fralda foi usada pelo casal para limpar as manchas de sangue dos ferimentos do rosto de Isabella, segundo ela provocados por uma agressão praticada contra a criança ainda dentro do carro.

A perita explicou que, como todas as manchas foram lavadas com detergente, não foi possível extrair o DNA para comprovar que se trata do sangue da criança. A acusação afirma que Isabella foi esganada e jogada do 6; andar na noite de 29 de março. Em seu depoimento, a perita detalhou como foi o trabalho dos técnicos do Instituto de Criminalística e a elaboração dos laudos. ;Não tenho dúvida de que o sangue pertence a Isabella;, disse em juízo.

Os advogados de defesa perguntaram a Rosângela se havia algum indício da presença de uma terceira pessoa no apartamento no dia do crime. Rosângela disse que ;não; e explicou que foram colhidas digitais em portas, maçanetas e objetos, mas que a perícia não encontrou qualquer indício da presença de estranhos no apartamento. Nesse momento, o advogado Marco Pólo Levorin, que coordena a defesa do casal, disse achar estranho não haver outras digitais no interior imóvel que não sejam de Alexandre e Anna Carolina, já que pelo menos 10 policiais entraram e saíram várias vezes do apartamento ao fazer uma varredura logo depois que Isabella foi encontrada no jardim.

Briga
A segunda testemunha a depor foi a dona-de-casa Benícia Maria Fernandes, de 46 anos, vizinha de Alexandre e Anna Carolina, quando o casal morava em Guarulhos. Ela disse ao juiz que presenciou várias brigas do casal e que chegou a ver a madrasta de Isabella disputando o colo de Alexandre com a criança. Um taxista que fez uma corrida com Anna Carolina também depôs e disse que a madrasta teria desabafado com ele que sentia ciúmes de Isabella e da mãe da criança, Ana Carolina Oliveira.

A chegada de Alexandre e Anna Carolina ao Fórum de Santana, na Zona Norte da capital, mobilizou um forte esquema de segurança. Uma escolta feita por policiais do Batalhão de Choque acompanhou os dois desde a saída das penitenciárias de Tremembé, no Vale do Paraíba, na noite de segunda-feira. Ontem, o pai de Isabella pernoitou na 2; Delegacia de Polícia, em Guarulhos, e a madrasta, na ala feminina do presídio do Carandiru, onde ela já havia sido hostilizada pelas presas.

Os dois chegaram por volta das 10h da manhã ao Fórum vestidos com roupas de presidiários e aguardaram encarcerados os depoimentos, que começaram às 14h30. Como não houve concentração de curiosos, o Fórum de Santana permaneceu aberto para o público durante todo o expediente.

Enquanto estavam presos no Fórum, Alexandre e Anna Carolina, que estavam em celas separadas, puderam conversar. Mas os diálogos foram monitorados por agentes da Polícia Judiciária. Para acompanhar os depoimentos, o casal de réus teve que ser algemado.

Os interrogatórios foram realizados na sala do juiz Maurício Fossen. Uma mesa comprida foi posta na sala. À esquerda e de frente ao juiz, sentaram-se o promotor Francisco Cembranelli seus assessores. À direita e também de frente ao juiz, acomodaram-se os três advogados da família Nardoni. As testemunhas também sentaram o tempo todo diante do juiz. Ao fundo, ficaram os réus Alexandre e Anna Carolina. Eles não puderam se manifestar. E caso alguma testemunha não se sinta à vontade com a presença deles, o juiz pedirá que os acusados sejam retirados da sala. Hoje estão previstos mais 17 depoimentos de testemunhas de acusação e, no início de julho, começarão a ser ouvidas as testemunhas de defesa.

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