postado em 27/06/2008 18:13
Procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) resgataram na madrugada desta sexta-feira (27/06) cortadores de cana-de-açúcar e três crianças em condições consideradas precárias de moradia, na cidade de Rio das Pedras (SP). Foi a segunda ação do MPT que apontou irregularidades no corte de cana só nesta semana na região de Piracicaba. Na primeira, foram constatados problemas na terceirização da mão-de-obra para unidades do Grupo Cosan.
De acordo com informações da assessoria do MPT, os cortadores resgatados foram aliciados em Cajazeiras (PB) para trabalharem para a Usina Comanche, de Tatuí (SP), uma das quatro unidades do grupo homônimo norte-americano com sede em Stanford (Connecticut).
A operação, coordenada pelos procuradores Mário Antonio Gomes e Claude Henri Appy, resgatou, primeiramente, oito trabalhadores em um cortiço na região central de Rio das Pedras. Eles apontaram onde estavam os outros migrantes, em um bairro da periferia da cidade paulista. No local, um barraco, estavam 14 pessoas, entre elas uma mulher e uma criança. Segundo os procuradores, todos dormiam no chão, em três cômodos, com o casal e a criança em um quarto e os restantes na sala e na cozinha. Em outro local estavam três homens, duas mulheres e uma criança de colo.
Os trabalhadores mostraram aos membros do MPT equipamentos de proteção desgastados e ferramentas de corte de cana enferrujadas. Eles percorriam até seis horas por dia para cortar cana no sul do Estado e não ganhariam por isso. O maior salário registrado era de R$ 700,00 por mês e, de acordo com os procuradores, um dos trabalhadores que hoje tem 18 anos foi contratado quando ainda tinha 17, o que é ilegal.
Todos foram transferidos para uma igreja evangélica na própria cidade, onde ainda estão alojados. A rescisão dos contratos está prevista para segunda-feira e será acompanhada pela Gerência Regional do Trabalho em Sorocaba. Segundo os procuradores, será providenciado também o transporte de volta para a região de origem.