Brasil

Instituto Geledés defende participação de empresários na luta pelos direitos humanos

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postado em 28/06/2008 19:22
A presidente do Instituto Geledés, Eliana Maria Custódio, defendeu neste sábado (28/06) o engajamento dos grandes empresários do país na promoção dos direitos humanos. O Geledés trabalha pela inclusão social da mulher negra e de excluídos no contexto social e econômico. "Não adianta só o governo desenvolver projetos de políticas públicas nessa direção, se não houver contrapartida das empresas e da sociedade, que devem lutar em conjunto para combater as desigualdades", disse Eliana Custódio, em entrevista à Agência Brasil. "Se um empresário deixa de contratar um homem ou uma mulher por serem negros ou deficientes, aí está revelado o preconceito, com o alijamento de pessoas que todo mundo sabe que podem ser capazes de desenvolver uma determinada atividade." De acordo com Eliana, há uma escala de salários no país que começa mais alta para o homem branco, depois para a mulher branca, em seguida, para o homem negro e, por último, para a mulher negra e os portadores de necessidades especiais. Segundo ela, isso é discriminação, quando se constata que uma pessoa de cada um desses grupos pode desempenhar a mesma atividade com eficiência, por ter habilidade ou formação acadêmica para tal. A presidente do Instituto Geledés ressaltou que existem no país organizações que trabalham pela superação da desigualdade racial, da discriminação de gênero, e que a maioria delas trabalha dentro dos movimentos feministas. "Realizam um trabalho de formiguinha, mas que surte resultados, que a gente confere em muitos lugares das cidades". Uma constatação disso é a presença de mulheres negras na articulação de políticas públicas e na participação em conferências e outros eventos que procuram chamar atenção do governo para o combate ao racismo e pela promoção da igualdade. Eliana Custódio considerou o pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que os empresários se engajem na promoção dos direitos humanos "uma das iniciativas mais importantes do governo nos últimos tempos em prol das relações sociais no Brasil". Lula conversou sobre o assunto durante encontro com empresários nesta semana, em São Paulo, "Foi uma atitude bastante relevante, considerando que 50% da população brasileira é composta por negros ou descendentes de negros e, embora existam leis que criminalizam o racismo, ele existe de forma velada, através de atitudes que configuram a discriminação", afirmou a presidente do Instituto Geledés. Na língua dos iorubás, da Nigéria, de onde vieram muitos escravos para o Brasil, Geledés era o nome que se dava a sociedades secretas femininas de caráter religioso.

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