postado em 29/06/2008 13:29
São Paulo ; Agentes do Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic) já têm pistas que podem levar às obras de arte roubadas há 17 dias da Estação Pinacoteca, no Centro de São Paulo. Segundo uma fonte, os investigadores estão rastreando os passos dos bandidos e duas telas estariam no interior de Minas Gerais e as outras duas no interior de Goiás. A recuperação seria questão de dias.
O que mais dificulta as investigações, no entanto, é o número de investidas que os policiais da Deic fizeram por conta de trotes e ligações sem importância. Depois que foram divulgadas imagens dos ladrões na televisão, centenas de pessoas telefonam diariamente para a polícia dando o endereço de pessoas que nada tem a ver com o roubo. A última investida dos policiais foi num prédio de São Paulo em que morava um pintor. ;Nós fomos até lá e vimos que o acusado não tinha nada a ver com o homem que aparece retirando as imagens da parede da Pinacoteca;, disse um investigador.
Na Deic, ninguém quer detalhar as investigações para não comprometer os trabalhos de inteligência que estão sendo realizados. No entanto, um funcionário do órgão revelou que as buscas pelas obras estão bem adiantadas e que elas não saíram do Brasil. O rastreamento está sendo feito praticamente com escutas telefônicas e com base em informações que anônimos passam pelo telefone à Deic.
Depois do roubo na Pinacoteca, a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo resolveu investir mais na segurança dos museus. Nesta semana, serão instalados detectores de metais na entrada da Pinacoteca e da Estação Pinacoteca, que funciona como anexo. No Museu de Arte Sacra, que detém um dos acervos mais valiosos do país, a Secretaria Estadual da Cultura instalou na semana passada um detector de metal e colocou guarda armada dentro e fora do prédio, localizado no centro histórico da capital.
O Museu de Arte Sacra já foi alvo de tentativas de roubos em 2000 e 2003. Instalado no Mosteiro da Luz, as salas de exposições têm um dos acervos mais valiosos da cidade, com 4 mil peças, com obras de Aleijadinho, Frei Agostinho da Piedade, Frei Agostinho de Jesus, Manuel da Costa Athayde e Padre Jesuíno do Monte Carmelo.
No total, o governo paulistano estima que investirá quase R$ 1 milhão na segurança dos três museus, quantia próxima ao valor estimado das obras roubadas no dia 12. A maior parte da verba deve ser aplicada em contratação de guarda armada e treinamento, já que os seguranças também terão que entender o básico das obras de arte.
Controle
Os detectores de metais serão instalados na porta e são semelhantes ao que existem nos aeroportos. Antes de entrarem nos museus, os visitantes terão que passar pelo sensor que apitará quando houver metais. Bolsas, mochilas e telefones celulares, assim como máquinas fotográficas, terão que ser postos numa esteira para passar pelo aparelho de raios-X. O diretor da Estação Pinacoteca, Marcelo Araújo, disse no início do mês que os detectores de metais seriam uma medida antipática e que poderia afugentar os visitantes. Hoje, ele defende a idéia como única medida para inibir roubos de obras de arte.
A guarda armada que está na Estação Pinacoteca desde a semana passada é composta por seis homens. Dois ficam de prontidão perto do corredor de onde foram roubadas duas obras de Pablo Picasso, uma gravura de Lasar Segall e uma tela de Di Cavalcanti. Quatro obras substituíram as antigas. Uma delas, considerada valiosíssima, é uma gravura do mesmo Segall, intitulada Cinco figuras do álbum Recordação de Vilna em 1917, de 1921. Os quadros foram cedidos pela Fundação Nemirovsky, que era proprietária das obras roubadas, assim como de todos os objetos expostos no segundo andar.