Brasil

Execuções de ex-presidiários viram rotina em João Pessoa

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postado em 30/06/2008 22:51
Assassinatos, dentro e fora de presídios, vêm acontecendo rotineiramente em João Pessoa, capital da Paraíba.O fato está sendo acompanhado por sociólogos, religiosos, direitos humanos, polícia, familiares de vítimas e sociedade em geral, mas ninguém consegue dar uma solução para conter as estatísticas da violência. Dos 253 homicídios registrados na Delegacia de Crimes contra a Pessoa de João Pessoa, no ano passado, cerca de 90% das vítimas são ex-presidiários. O motivo na maioria das vezes, segundo a delegada Daniela Vicuuna, é o envolvimento com o tráfico de drogas. Somente no mês de junho já são cinco execuções de ex-detentos, cujos inquéritos ainda nem chegaram às mãos da delegada Vicuuna. "Temos muitas dificuldades para elucidar os crimes, encontrar os autores dos homicídios, porque a família não ajuda. A lei do silêncio impera e atrapalha o trabalho investigativo da polícia", afirma a delegada, que diz que 85% dos homicídios de 2007 foram provocados por arma de fogo. A polícia tem documento com a estatística dos assassinatos por bairro. O campeão no ranking foi Mangabeira, com 22 mortes. Em segundo lugar aparece o bairro de Cruz das Armas com 19 homicídios e, em terceiro, aparecem empatados Mandacaru e Cristo Redentor, com 16 casos cada. A delegada acrescenta que na maioria dos crimes, os acusados são rivais das vítimas. Vicuuna lembra que em um ou outro caso de inquérito concluído, existiu a presença de policial como possível autor do crime. "O que acontece é que quando eles saem da cadeia continuam no crime. E terminam sendo mortos por inimigos. Em alguns casos, a gente constatou que houve a participação de policiais. E quando isso acontece, a polícia investiga do mesmo jeito, e os culpados pagam pelo crime", frisou. Medo Quem tem ou já teve algum familiar preso, além de enfrentar o constrangimento e a preocupação com quem fez algum delito, passa a conviver com o medo, que passa a não sair de casa. E o pior que, às vezes, ele se torna um verdadeiro filme de terror, só que real. Foi o que aconteceu com a dona-de-casa Maria Viana Nunes da Silva, que mora na comunidade Padre Hildon Bandeira, no bairro da Torre, em João Pessoa. Ela perdeu o filho, Josenildo Nunes, um jovem de 25 anos que havia cumprido pena, segundo ela, por porte ilegal de armas e estava em liberdade. "A felicidade durou pouco. Meu filho foi violentamente assassinado e o caso vai completar dois anos em janeiro de 2009. Foi horrível. Meu marido até hoje tem problemas de saúde", disse. O jovem foi executado com 20 tiros e a polícia informou que o motivo foi acerto de contas.

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