Brasil

Homem que matou um atropelado diz que só bebeu uma latinha de cerveja

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postado em 01/07/2008 16:30
SÃO PAULO - O empresário Mauro César Mendes Rocha, que atropelou três pessoas - uma delas morreu - em um posto de combustíveis em Sorocaba , a 97 km de São Paulo, no fim de semana, afirmou que tinha bebido apenas uma latinha de cerveja e que a quantidade de álcool que ingeriu é inofensiva. O bafômetro constatou que Rocha tinha 0,65 mig/l, o que caracteriza crime. O limite permitido é de 0,3 mg/l. Ele se recusou a fazer exame de sangue e foi encaminhado a exame clínico de embriaguez. "Eu tinha consumido uma latinha de cerveja e estava de estômago vazio. Nada que me fizesse perder a consciência do que eu estava fazendo", afirmou. Rocha disse que é a favor da nova lei, mas negou que a bebida tenha provocado o acidente. "A quantidade de álcool que consumi foi pequena. Mesmo que a lei tenha mudado, acho inofensiva a quantidade de álcool que ingeri. Mas, se a lei diz, não vou beber nada mais", rebateu. O corpo da vítima do acidente, Marcelo Eduardo da Silva, de 37 anos, foi sepultado na segunda-feira (30/06). Ele morreu menos de 24 horas após ser atropelado. O acidente ocorreu no sábado e pela lei, em vigor desde o dia 20 de junho, Rocha deveria ter sido preso em flagrante e ficado sem a carteira de habilitação. No entanto, ele foi liberado e teve a carteira de habilitação devolvida após pagar fiança de R$ 1.200. Rocha perdeu o controle de sua camionete ao fazer uma curva e invadiu o posto de gasolina e atropelou três pessoas. As outras duas vítimas estão bem. "Em uma blitz normal, muita gente está sendo presa depois da nova lei. Agora, num acidente tão grave, ele pagou a fiança, pegou a carteira e foi embora. Isso é impunidade", indigna-se o metalúrgico José Clóvis da Silva, de 43 anos, ferido no acidente. A delegada Silvia Monteiro, que indiciou o empresário por lesão corporal culposa (sem intenção) e o liberou, recusou-se a falar sobre o caso. O inquérito policial está agora sob o comando do delegado Romeu Lara Júnior, que deu um tom de maior gravidade ao acidente. "Há evidências que apontam que o motorista estaria em velocidade excessiva e, também pelo resultado do bafômetro, houve dolo eventual. Ele assumiu o risco desse resultado", diz o delegado, que já notificou o motorista a prestar novo depoimento. Neste fim de semana, a Polícia Militar fez novos bloqueios na capital. Dos 477 motoristas abordados desde que a "lei seca" entrou em vigor, 15% foram detidos ou multados por apresentar índices de álcool no organismo. De 30 condutores presos por serem flagrados no teste do bafômetro, apenas um continua preso. Ele permaneceu detido só porque é condenado pela Justiça por outro crime. Outros 42 condutores foram multados em R$ 955 e perderam o direito de dirigir por um ano. Quem se recusar a fazer o teste do bafômetro está sujeito a pagar uma multa de R$ 955 e perder a carteira de habilitação, além de ser indiciado.

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