Antes restrito ao universo das ruas, o crack alcança as famílias da classe média no Distrito Federal. Policiais envolvidos no combate à droga investigam casos em que jovens criados com conforto se associam a traficantes ou recorrem a pequenos furtos e roubos na própria casa para comprar a droga. São estudantes, servidores públicos e profissionais liberais que figuram em inquéritos policiais por causa do vício. A maioria dos casos ocorre na área de central de Brasília, onde o tráfico organizado insiste em desafiar as autoridades policiais.
Balanço divulgado pela Polícia Civil do Distrito Federal revelou apreensões de 2.673 pedras de crack (668,3g) no primeiro quadrimestre deste ano. O número é alto se comparado com o mesmo período do ano passado, quando não houve nenhum recolhimento da droga no DF. Uma das primeiras apreensões na capital do país ocorreu apenas no quinto mês de 2007. A partir de então, o cerco policial se tornou mais freqüente. Entre maio e dezembro, 23 pessoas foram flagradas com quase 3,5 mil pedras na região da Rodoviária do Plano Piloto.
Era perto dali que funcionava um dos principais pontos de distribuição, venda e consumo desse subproduto da cocaína. Até o início do ano, o estacionamento do Setor de Diversões Sul (Conic) voltado para o Setor Hoteleiro Sul se mantinha tomado por traficantes e usuários. O local, conhecido como Redondo, funcionava como uma espécie de drive thru do crack, em que carros de passeio, táxis e vans chegavam a todo instante com usuários da droga. De um grama, os traficantes fazem quatro pedras. Cada uma custa entre R$ 10 e R$ 15 para o consumidor.
Inquérito finalizado
O delegado titular da 4; DP (Praça da República), Ricardo Dominguez, entregou na terça (01/07) à promotora estadual Márcia Velasco o inquérito no qual identifica três dos suspeitos de terem matado os jovens do Morro da Providência, no Centro do Rio de Janeiro. As vítimas foram entregues, em 19 de junho, a traficantes do Morro da Mineira por militares do Exército. David Wilson Florêncio, Wellington Gonzaga da Costa e Marcos Paulo da Silva acabaram mortos, depois de serem brutalmente torturados.
A polícia não confirma os nomes dos três assassinos identificados. Mas sabe-se que eles seguiram ordens do líder do tráfico no Morro da Mineira, Rogério Mosqueira, o Roupinol. Segundo os investigadores, quatro pessoas mataram os jovens. Todos integrantes da facção ADA (Amigos dos Amigos).
Pensão
O governo federal finaliza o projeto de indenização às famílias dos três jovens assassinados. ;Estamos analisando um projeto para enviar ao Executivo. Temos várias soluções, mas a mais razoável é o estabelecimento de uma pensão;, afirmou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, depois de participar de audiência pública na Câmara.
O Planalto chegou a cogitar o pagamento de uma indenização que poderia chegar a R$ 200 mil, mas Jobim disse que a tendência é o estabelecimento de uma pensão. ;Estamos trabalhando em um projeto no Ministério da Defesa e mandando para o presidente da República decidir esse tema. Tenho que conversar ainda com o ministro do Planejamento (Paulo Bernardo). Mas vamos definir na semana que vem;, afirmou Jobim.
O ministro disse que a iniciativa tem precedentes. Como ele lembrou, em 1996, o governo federal também pagou pensão a familiares de presos da Polícia Federal que acabaram mortos. ;Eu era ministro da Justiça na época e, por coincidência, fiz o projeto;, afirmou. Jobim disse que as tropas do Exército continuarão afastadas do Morro da Providência, já que a Justiça Eleitoral suspendeu as obras do programa Cimento Social, para o qual os militares faziam a segurança.
"A margem de lucro (com a pasta base de cocaína) é menor, mas a comercialização é maior e o custo com a produção é pequeno"
Delegado da Polícia Federal
O número
8,5 toneladas
de pasta base foram apreendidas este ano no país pela Polícia Federal