Jornal Correio Braziliense

Brasil

Promotor acusará governo de Goiás por mortes em hospital

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A superlotação e a precariedade no atendimento do Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo), com 202 leitos, tido como maior pronto-socorro de Goiás, está virado um caso de Justiça. Um total de 42,86% das 700 mortes de pacientes ocorridas em 2007, no interior do hospital, está sendo atribuído ao "descaso" e à "negligência", pelo promotor público Marcelo Celso Celestino, que anunciou hoje que vai entrar com ação na Justiça, por negligência e omissão, contra o governo de Goiás. "São 300 pessoas que morreram no Hugo devido à má gestão do setor de saúde, um fato gravíssimo", disse que o coordenador do Centro Operacional do Cidadão do Ministério Público (MPE). Ele explicou que, na maioria dos casos, as mortes atingiram pessoas que deram entrada no hospital em estado grave, vítimas de acidentes automobilísticos, atingidas por disparos, que sofreram traumas ou problemas cardiovasculares. Mas acabaram "escanteadas no hospital", por falta de vaga em leito, por exemplo. E, por um conjunto de outras situações como deficiência de atendimento, segundo revelou o promotor. "Estas pessoas não deveriam ter morrido", acredita ele. "Morreram, e a responsabilidade pelas mortes é do governo de Goiás", afirmou. A superlotação começou há três anos, segundo Marcelo Celestino. Em 2006, segundo os dados, no Hospital de Urgências o número de novos pacientes para atendimento de urgência e emergência subiu 3,5% para 7%. A taxa foi mantida em 2007 mas alcançou a faixa entre 20% e 30% em 2008. Segundo o médico Sebastião de Abreu, diretor-técnico do Hugo, não há como impedir a superlotação. "Para se ter uma idéia, o hospital tem 202 leitos mas (hoje) temos 269 pacientes internados", disse. Ele evitou comentar a acusação de que o número de mortes subiu por descaso e negligência. O governador Alcides Rodrigues (PP) anunciou a construção de hospitais nas regiões Norte, Nordeste, Sudoeste e Entorno do Distrito Federal, mais um hospital de urgências, na região Noroeste de Goiânia, e outro hospital para tratamento de hemangiomas (lesões ou tumores vasculares) e fissuras, em Goiânia. "Com a construção destes hospitais, vamos diminuir a demanda do Hospital de Urgências de Goiânia, o Hugo, hoje referência no Centro-Oeste e que recebe paciente de vários Estados brasileiros", afirmou Rodrigues, segundo a sua assessoria de imprensa. "Ele (governador) disse que vai construir hospitais mas longe de Goiânia, o que significa que o problema vai continuar", comentou o promotor Marcelo Celso Celestino.