postado em 10/07/2008 09:26
Nos próximos três anos, o ensino de música será obrigatório em todas as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio. O projeto de lei que inclui harmonias e melodias no currículo foi aprovado pelo Congresso Nacional e agora aguarda apenas a assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar em vigor. Além de melhorar o humor dos ouvintes, a música é capaz de influenciar positivamente o processo de aprendizagem de crianças e adolescentes.De acordo com pesquisas científicas, ao aprender música os alunos também desenvolvem a disciplina, a sociabilidade e a concentração. ;Aprender a tocar um instrumento é um ganho enorme para a vida de uma pessoa. O entendimento da música contribui para o desenvolvimento do raciocínio complexo;, comenta Ira Levin, maestro titular da Orquestra Sinfônica de Brasília. Para ele, estudar música, principalmente a música clássica, também é um ganho cultural. ;Apreciar uma peça de Mozart é um prazer que une diferentes culturas, algo que nos identifica como espécie;, comenta.
A lei ainda precisa ser regulamentada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Mas a idéia é que o ensino seja feito dentro da cadeira de artes e que cada escola, de acordo com suas necessidades, interesses ou capacidades, escolha que tipo de aula oferecerá. ;A disciplina artes costuma ser entendida como ensino de artes plásticas. A maioria das escolas opta pelo estudo de História da Arte. Com a lei, os alunos também aprenderão música;, afirma Júlio Linhares, secretário da Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Senado.
Apelidada de ;merenda d;alma; pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a lei foi resultado de um ano e seis meses de discussões encampadas por músicos e educadores. Estrelas, como Daniela Mercury, Gabriel, o Pensador e Frejat percorreram os corredores do Congresso Nacional para defender a idéia. Os colégios terão três anos para se adaptarem à nova exigência curricular. O prazo é grande porque, em locais mais afastados, as instituições de ensino serão obrigadas a contratar professores de outros estados ou então formar mão-de-obra ; para dar aulas, será exigida dos professores licenciatura na área.
Coordenador do Grupo de Articulação Parlamentar Pró-música, Felipe Radicetti reconhece que, se a implantação fosse imediata, o cumprimento da lei seria difícil por conta da falta de professores capacitados. Mas acredita que gradualmente o problema será solucionado. ;A lei cria demanda no mercado, o que estimulará os próprios músicos a investirem em formação;, comenta Radicetti, que é pianista.
Voz
Para comemorar e divulgar a nova lei, o Coral do Senado tem feito apresentações em escolas do Distrito Federal. Na segunda-feira, cerca de 150 crianças com idades entre 7 e 12 anos participaram de uma simulação de aula de coro no auditório da Escola Parque da 108 Sul. Apesar de quase incontroláveis na entrada, as crianças ficaram atentas durante a apresentação do coral. Os mais agitados apenas saltitavam ao ritmo das músicas, enquanto os adultos cantavam no palco.
Chamados a participar, meninos e meninas responderam obedientemente às ordens dadas pela maestrina Glicínia Mendes, 51 anos. ;A música consegue controlá-los porque ela é um prazer;, opina a regente. Para Estefani Menezes de Araújo, 9 anos, o ponto alto da apresentação foi justamente acompanhar as instruções dadas pela maestrina. ;Eu adorei quando cantamos com eles;, afirmou a menina, aluna da Escola Classe da 305 Sul.
Na opinião de Glicínia Mendes, a música também aumenta o auto-conhecimento e a tolerância, já que obriga os estudantes a ouvir. ;Para aproveitar os sons, eles precisam conhecer o silêncio;, descreve. A maestrina realça que as aulas de canto e a formação de corais dentro das escolas são uma boa alternativa para as escolas. Segundo ela, formar um coral exige pouco investimento e traz ótimos resultados. ;No caso dos corais, a voz é o instrumento. Um instrumento potente e gratuito;, defende.
O número
PRAZO
3 anos
As escolas terão para se adequar à nova lei do ensino musical