postado em 11/07/2008 16:11
Com faixas, cartazes, panfletos, um boneco gigante e um bolo, representantes do Fórum Natal Cidade Sustentável realizaram um protesto em frente à Câmara Municipal de Natal. A intenção era lembrar à população natalense o primeiro aniversário da Operação Impacto, ação da Polícia Federal e do Ministério Público, que investigou vereadores suspeitos de corrupção durante a votação do Plano Diretor de Natal.Nenhum vereador encontrava-se no prédio, mas o fato não desanimou os representantes da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), Coletivo Leila Diniz, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Igreja Católica. Às 9h30, todos se reuniram em volta do bolo e cantaram parabéns.
O diretor executivo da Umes, Ítalo Rocha, afirmou que o protesto não ficou enfraquecido por não ter atingido nenhum dos vereadores investigados, uma vez que o objetivo era chamar a atenção da população. ``Este é um ano eleitoral e queremos que as pessoas lembrem das investigações, quem estava lucrando com o plano diretor, para pensar bem antes de votar. Natal foi prejudicada e hoje os envolvidos estão por aí, comemorando a impunidade com o nosso dinheiro;;, destaca Ítalo.
Durante o ato público, também foram colhidas assinaturas em um abaixo-assinado que será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, Câmara dos Deputados e Senado Federal, cobrando a inegibilidade de políticos que estejam respondendo a processos.
Memória
O Ministério Público e a Polícia Civil deflagraram em 11 de julho de 2007 a Operação Impacto, que culminou de imediato em 16 mandados de busca e apreensão nos gabinetes parlamentares, residências e escritório dos vereadores Dickson Nasser, Geraldo Neto, Adenúbio Melo, Renato Dantas, Emilson Medeiros, Júlio Protásio, Salatiel de Souza, Adão Eridan, Carlos Santos e Sargento Siqueira.
Os vereadores foram acusados de receber propina para votar a favor da derrubada dos vetos do prefeito Carlos Eduardo Alves (PSB) ao Plano Diretor de Natal, em sessão realizada no dia 3 de julho de 2007. Além de documentos, CD;s e computadores, foram apreendidas quantias em espécie no valor de R$ 77 mil na casa de Geraldo Neto, R$ 12,4 mil na casa de Emilson Medeiros e de R$ 5 mil embaixo do tapete do carro de Sargento Siqueira. Os vereadores são acusados de corrupção passiva e ativa, e formação de quadrilha.
As investigações tiveram por base denúncia de um suposto esquema de corrupção na Câmara Municipal de Natal feita pela procuradora do Município, Marise Costa, à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público. Com a autorização da quebra do sigilo telefônico de 16 dos 21 vereadores, o Ministério Público conseguiu interceptar diversos diálogos nos quais tratam da divisão do dinheiro relativo à propina acertada anteriormente, que levaram os promotores Afonso de Ligório, Giovanni Rosado e Alexandre Frazão a confirmar a existência ``do grave esquema de corrupção;;.
Com isso, os promotores pediram ao juiz da 4; Vara Criminal, Raimundo Carlyle, autorização para realizar mandados de busca e apreensão, incluindo a prisão temporária dos vereadores acusados, à exceção de Júlio Protásio que teve apenas o gabinete vistoriado. O juiz deferiu somente os mandados. O presidente da Câmara, vereador Dickson Nasser, seu escritório no edifício 21 de Março também foi vistoriado.
No decorrer das investigações, o delegado Júlio Rocha descobriu ramificações e chegou a cumprir mandado de busca e apreensão na sede da Abreu Imóveis, na casa do proprietário da imobiliária, Ricardo Abreu, e no escritório de contabilidade da empresa. Depois, Ricardo Abreu e sua esposa prestaram depoimento. O delegado também ouviu vários assessores de gabinetes da Câmara Municipal.