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MP da Paraíba investiga mortes de 11 bebês

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postado em 11/07/2008 20:54
O Ministério Público, em Campina Grande, pediu informações detalhadas sobre a morte de 11 bebês, que aconteceram entre os meses de maio e junho deste ano, no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), principal maternidade do município. O ofício do MP, assinado pelo curador da Infância e da Juventude, Herbert Targino, foi encaminhado na última quinta-feira, à instituição de saúde. No ofício, o promotor de Justiça requisita o encaminhamento de nomes, cópias dos óbitos e prontuários médicos. Segundo Targino, o MP quer saber o motivo das mortes para que possa averiguar o que houve. O curador explicou que mesmo sendo efetuado um número elevado de partos mensalmente na maternidade, seres humanos estão falecendo e deve haver uma justificativa plausível para isso. Targino explicou que, dependendo da avaliação do Ministério Público, o material do Isea deverá ser encaminhado ao Conselho Regional de Medicina (CRM), para que seja procedida uma fiscalização minuciosa. Ele contou que o CRM já apura a morte de trigêmeos, que ocorreram este ano no local. A diretora-geral do Isea, a médica Francimar Maria José Victor, explicou que dados apontam que a mortalidade no Isea vem caindo, sendo referenciado o ano de 2007 e o decurso de 2008. Ela destacou que no mês de maio, cinco mortes aconteceram na maternidade. Duas delas foram ocasionadas por choque séptico. O choque séptico é uma condição na qual a pressão arterial cai a níveis potencialmente letais, como conseqüência da sépsis, que é uma infecção causada pela presença de grande quantidade de bactérias no sangue, impossibilitando a sua fácil remoção. O choque séptico é causado por toxinas produzidas por certas bactérias e por citocinas, que são substâncias sintetizadas pelo sistema imune para combater as infecções. Os vasos sangüíneos dilatam, produzindo queda da pressão arterial, apesar do aumento da freqüência cardíaca e do volume de sangue bombeado. Os vasos sangüíneos também podem tornar-se mais permeáveis, permitindo o escape de líquido da corrente sangüínea para os tecidos, causando edema. Ainda em maio, outros dois óbitos aconteceram devido a prematuridade extrema - os recém-nascidos pesavam 1170 gramas e 1050 gramas - e outra se deu pela má formação fetal, segundo informou a médica. Já em junho ocorreram seis mortes no Isea, envolvendo recém-nascidos. Quatro delas foram ocasionadas por prematuridade extrema - eles pesavam 770 gramas, 984 gramas, 660 gramas e 940 gramas - uma aconteceu por má formação fetal e outra por choque séptico, conforme informações da diretora da unidade. Superlotação - Francimar Victor explicou que o Isea tem uma média de 500 partos por mês. Somente em junho o número de ocorrências, que envolve atendimento e partos, chegou a 690. O atendimento cresce potencialmente mês a mês, de acordo com ela, e a superlotação é o maior problema enfrentado pelo instituto. Para a médica, não se pode desconsiderar os óbitos porque se tratam de vidas que se perderam. Contudo, ela ressaltou que o número é bastante pequeno se levado em consideração a grande quantidade de atendimentos fornecidos pelo Isea. Francimar preferiu não revelar o número de mortes ocorridas na maternidade em 2008 e no ano passado, posto que o hospital ainda está contabilizando os dados. No que se refere à morte dos trigêmeos, ocorrida em meados de março deste ano, ela informou que nenhuma irregularidade foi encontrada pelo CRM e que as mortes se deram também por causa da prematuridade extrema. Os recém-nascidos envolvidos pesavam 700 gramas. "Casos como a prematuridade fogem a competência médica. Os bebês ficam frágeis, devido à baixa imunidade. É difícil salvá-los", lamentou. Conhecido como Hospital Amigo da Criança, segundo o título concedido pela Unicef, através do Ministério da Saúde, o Isea é referência nos serviços prestados às mulheres de Campina Grande e de vários municípios da Paraíba, além de outros estados, que dependem do atendimento oferecido pela instituição campinense. "Por isso mesmo acontece a lotação. Não podemos negar auxílio aqueles que vem de outras localidades, mas a qualidade dos serviços cai um pouco até acompanharmos a demanda crescente", destacou.

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