postado em 15/07/2008 09:51
O aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses da criança, também uma recomendação da Organização Mundial da Saúde, é outra sugestão pouco seguida entre as mães brasileiras. Até os três primeiros meses, só 45% das crianças são alimentadas apenas com o leite. Depois disso, a grande maioria toma mamadeiras e bebe água. A partir do quarto mês, 35% já consomem até comida de sal. ;Temos que conscientizar essas mães de que, até o sexto mês, basta o leite, nada mais que isso, nem água;, afirma a pediatra Lélia Cardomane Gouvêa, especialista e nutrição infantil.
Mitos de que um pouco de chá alivia cólicas, de que criança precisa de água, de que o leite da mãe está ficando ;fraco; para garantir o desenvolvimento do bebê ou que os seios, após a amamentação, ficarão flácidos provocam o desmame cada vez mais cedo. ;São questões culturais, principalmente, as maiores causas de índices tão baixos de aleitamento exclusivo no Brasil;, destaca Lilian Cordova.
Francesca Felici, representante em Brasília da Liga do Leite, uma organização não-governamental internacional, destaca que os prejuízos do desmame precoce para a criança vão além da desnutrição. ;No peito o bebê movimenta um número grande de músculos, o mesmo não ocorre na mamadeira. E isso leva a problemas de fala, de mastigação;, destaca Francesca. Na opinião dela, a licença-maternidade de seis meses, atualmente discutida no Congresso Nacional, deveria ser garantida.
;É contraditório recomendar o aleitamento exclusivo até seis meses se a mulher não pode ficar com o filho no período;, critica Francesca. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, também é um defensor da idéia. ;Sabemos que essa é a etapa da vida decisiva para a formação de uma pessoa, nada melhor que estar próximo da mãe;, afirma. Alguns municípios, com leis próprias, já estenderam o prazo da licença-maternidade. (RM)