O governo não consegue impedir o avanço da fronteira agrícola na Amazônia Legal com os atuais sistemas de controle e fiscalização. Levantamento sobre as queimadas na região feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que as derrubadas ilegais de árvores destruíram 1.096 km; da floresta em maio. O número é ligeiramente menor que o registrado em abril (1.124 km;), mas insuficiente para ser considerado uma reversão de tendência. ;Tivemos uma meia-trava. Mas sem os instrumentos econômicos para incentivar a manutenção da floresta em pé, a repressão se torna insuficiente;, admitiu o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Com atraso de duas semanas, período em que os dados estavam engavetados na Casa Civil, ontem Minc divulgou oficialmente os números apontados pelo sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter). O ministro comentou que enquanto não houver uma alternativa econômica sustentável para quem trabalha na região, o desmatamento vai continuar. Segundo ele, é mais barato derrubar florestas para fazer novos pastos do que produzir em terras já degradadas que precisam de investimento em recuperação do solo. ;Enquanto a conta econômica for essa, estaremos travados. Não se resolve a questão econômica com polícia;, comentou. As operações Arco de Fogo e Guardião, de combate ao desmatamento, embargaram 104 mil hectares de fazendas ilegais, apreenderam 125,9 mil metros cúbicos de madeira e aplicaram quase R$ 500 milhões em multa. Mas apenas uma pequena parte dessas infrações são pagas. A direção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estima que são necessários 2 mil fiscais para atuar somente na Amazônia. Porém, o instituto dispõe de pouco mais de 500. Vilão Mato Grosso continua a ser o vilão do desmatamento. No estado governado por Blairo Maggi (PP) ; um dos maiores produtores de soja do mundo e aliado político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ; foram desmatados 646,9 km; em maio. O número representa cerca de 60% do total devastado nos nove estados da Amazônia Legal no mês. Entre janeiro e maio deste ano, o estado registrou 2.571,6 km; de destruição, quase 69% do total (3.730 km;) derrubado em toda a Amazônia. Depois de Mato Grosso, o Deter mostra o Pará em segundo lugar no triste ranking (261,9 km;), seguido de Rondônia (98 km;). Os três estados juntos representam 91,8% do total de árvores derrubadas e queimadas. Os dados do satélite que fotografa a Amazônia para o Deter foram mais precisos em maio porque o índice de terras encobertas por nuvens caiu de 53%, em abril, para 46%. A pesquisa do Deter mudou a metodologia de seleção dos dados e passou a apontar o corte raso da mata, feito pelos tratores com correntões, e as degradações alta, moderada e leve das florestas. A separação dos dados mostra que quase 60% do desmatamento foi radical, derrubando toda a floresta. Em outros 23,2% da área derrubada a floresta ficou com elevado grau de degradação, ou seja, sem condições de recuperação. Minc voltou ontem a anunciar a criação de dois fundos. O Amazonas, com previsão de R$ 900 milhões para financiar projetos de exploração econômica ambientalmente sustentável, e o Fundo Clima, com estimativas de arrecadação de R$ 600 milhões para medidas de mitigação das queimadas. Os dois instrumentos dependem de confirmação pelo presidente Lula. ;Pretendemos acabar com a insustentável manutenção de uma economia predatória;, anunciou o ministro. Ele também refez a estimativa deste ano para a área de queimadas na Amazônia Legal, anunciada logo que assumiu o cargo em 15 mil km;. Agora, segundo ele, a destruição deve chegar a 13 mil km;. DESTRUIÇÃO De janeiro a maio, o sistema Deter identificou uma área devastada de 3.730 km; na Amazônia. Veja quanto cada estado desmatou (em km;): Mato Grosso 2.571,6 Roraima 464,2 Pará 382,9 Rondônia 143,3 Maranhão 82,2 Amazonas 62,6 Acre 15,9 Tocantins 7,3 Em maio, foram 1.096 km; de destruição. Mato Grosso, Roraima e Pará são os estados que mais derrubaram árvores: Mato Grosso 646,9 Roraima 261,9 Pará 97,9 Fonte: Inpe
Confira a Ãntegra da pesquisa sobre desmatamento na Amazônia