postado em 17/07/2008 09:41
A instrução é clara: o policial militar não deve atirar em um carro durante uma abordagem ou perseguição policial se ele não conseguir identificar quem está dentro do veículo. A afirmação é do chefe de instrução do Batalhão de Operações Especiais (Bope), major Fábio Souza, responsável pelo curso de reciclagem que começou a ser ministrado para todos os PMs lotados em batalhões da capital fluminense e que trabalham nas ruas. Nesta quinta (16/07), 22 homens do 3; Batalhão da Polícia Militar (BPM), no Méier (zona norte), participaram do curso que dura apenas três horas."É protocolo: você não deve atirar naquele carro. E se tiver uma pessoa seqüestrada dentro dele? Mesmo que a pessoa atire contra você (não deve haver revide). Ou você se abriga ou pára a perseguição e pede reforço pelo rádio. Você atira quando está vendo efetivamente (o alvo), ou seja, o marginal que está atirando em você. Aí você atira", enfatizou o major. A afirmação constrangeu o relações-públicas da PM, tenente-coronel Rogério Leitão. A imprensa teve autorização para acompanhar o curso nesta quinta.
Leitão tentou argumentar que o caso do administrador de empresas Luiz Carlos Soares da Costa, de 35 anos, morto na noite de segunda-feira com três tiros disparados por PMs, era diferente, por ser legítima defesa. Costa havia sido feito refém por um assaltante que roubou seu veículo. O carro foi perseguido por três cabos e um soldado do 22; BPM. Segundo os PMs, o assaltante disparou contra eles, que revidaram, atingindo Costa.
Manifesto
Nesta quinta (16/07), cerca de 50 pessoas se reuniram na sede da OAB-RJ para lançar um manifesto contra a política de segurança do governador Sérgio Cabral, mas não o texto não foi aprovado. Nele, ONGs, parentes de mortos pela polícia e policiais dissidentes exigiam que o "governo estadual, em parceria com a sociedade civil organizada, inicie o processo de construção de uma nova política de segurança que tenha como resultado uma outra instituição policial". O advogado Carlos Augusto Coimbra de Mello, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, chegou a pedir a saída do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.