postado em 28/07/2008 18:43
Cerca de 400 sem-terra promoveram nesta segunda-feira (28/7) uma série de manifestações contra o que qualificam de "tentativa de criminalização do movimento social" nas ruas centrais de Porto Alegre. Apoiados por outros grupos, centrais sindicais e estudantes, os sem-terra reclamaram de agressões que sofreram da Brigada Militar do Rio Grande do Sul nos dois últimos anos, das ações movidas pelo Ministério Público Estadual (MPE) para proibi-los de se aproximar de quatro fazendas no Estado e de uma ata do Conselho Superior do MPE que propõe uma ação de dissolução do MST.
Inicialmente, o grupo caminhou do prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) até um auditório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde participou de um encontro sobre Criminalização dos Movimentos Sociais promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Estado e pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS). Depois do encontro, os manifestantes seguiram para o Palácio da Justiça sede do Tribunal de Justiça (TJ), onde pararam para fazer um ato público e entregar um documento à assessoria da presidência no qual relacionaram as queixas e pediram diálogo com a Corte.
O terceiro ato foi diante do prédio do Ministério Público Federal (MPF). Os manifestantes pediram que a Procuradoria da República exija o cumprimento do acordo firmado pelo Incra com os trabalhadores rurais sem-terra em novembro prevendo o assentamento de duas mil famílias no Estado até o fim deste ano. Depois das manifestações, os trabalhadores rurais voltaram para o prédio do Incra, que mantêm sob ocupação desde quinta-feira.
O ouvidor nacional de Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Fermino Fecchio, acompanhou o encontro e parte das manifestações do dia e disse que considera estranha a atitude dos promotores que moveram as ações contra os sem-terra. "O poder público tem de dar solução à questão agrária, compreender que essas famílias querem apenas viver e que têm direito a isso", afirmou.