Brasil

Britânica era apaixonada pelo Brasil

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postado em 01/08/2008 09:34

O crime bárbaro em Goiânia teria sido o desfecho de um relacionamento conturbado e possessivo. Por telefone, de Londres, o goiano Júnior (nome fictício) contou ao Correio que conversou com Cara Marie Burke na sexta-feira passada, um dia antes de a amiga ser assassinada e esquartejada. Segundo o rapaz, Cara desembarcaria na capital britânica nesta quinta (31/07), sem que Mohamed D;Ali Carvalho dos Santos, 20 anos, soubesse. ;Ele não queria que ela viesse embora, e me disse que estava vindo escondida dele;, revelou. Júnior garante que, ao contrário do que a polícia goiana apurou, a jovem e Mohamed não mantinham um relacionamento amoroso. ;Ela me dizia que eram apenas amigos, que ele queria namorar, mas ela não;, afirmou.

Júnior e Cara se conheciam há cerca de um ano e meio. Nesse tempo, trocaram algumas confidências sobre o rapaz. ;Cara não me contava as coisas com detalhes, era bastante resguardada, mas fiquei sabendo que Mohamed comentou com algumas pessoas que batia nela;, acrescentou. Por trás de uma garota reservada, Júnior conta que havia alegria, carência e um amor enorme pelo Brasil. Cara nutria admiração pelo Vila Nova ; um dos maiores clubes de futebol de Goiás ;, paixão herdada de seu time de coração, o Chelsea. ;Ela disse que estava muito feliz aí no Brasil e que deveria ter nascido brasileira;, relatou Júnior.

Em sua página no site de relacionamentos Orkut, Cara aparece em pelo menos três fotos vestindo a camisa da seleção brasileira e diante da bandeira do país. A aproximação com o Brasil também se evidencia no passaporte carimbado. Elie Chidiac, chefe da Assessoria para Assuntos Internacionais do governo de Goiás, revelou que Cara teve a primeira entrada no Brasil registrada em 9 de abril passado, permaneceu cerca de 20 dias em Goiânia e retornou a Londres em 1; de maio. A britânica ficou apenas três semanas em sua terra natal e voltou para o Brasil em 22 de maio. ;Ela tinha visto de turista, mas é muito estranho que, dentro de uma família pobre, ela viajasse ao Brasil duas vezes em um intervalo tão curto;, comentou Chidiac.

Chidiac afirmou que mantém contato constante com a família Burke. ;A mãe, Ane Marie, está muito abalada e me disse que não tem condições psicológicas nem financeiras para vir ao Brasil, muito menos para trasladar o corpo para o Reino Unido;, comentou. ;Ela quer o corpo da filha, mas não tem recursos financeiros.; Segundo o assessor, a remoção dos restos mortais de Cara ficará a cargo do governo britânico. ;Mas isso só deve ocorrer após ser encontrada a cabeça de menina e se encerrar a investigação;, explicou. ;A própria defesa do acusado pode impedir o traslado do corpo, ao solicitar sua exumação.;

A embaixada do Reino Unido em Brasília enviou o vice-cônsul Lee Underhill a Goiânia para conversar com policiais que investigam o assassinato. ;Estamos em contato permanente com a polícia de Goiânia, com os médicos legistas, mas a questão do traslado do corpo ainda não foi discutida;, explicou ao Correio a assessoria de imprensa da representação diplomática. Por sua vez, um representante do Ministério das Relações Exteriores britânico confirmou que a chancelaria presta ;assistência consular normal; à família de Cara. ;Estamos trabalhando de muito perto com as autoridades brasileiras;, disse.

Até as 21h30 de quinta (31/07), a página de Cara no Orkut trazia 2.253 mensagens, a maioria em português. ;Tenho medo de voltar ao Brasil;, confessou uma brasileira que vive em Portugal. ;Esse assassino tem que morrer do mesmo jeito que matou;, escreveu uma mulher. ;Tomara que ele apodreça na cadeia e que sirva de boneca para os bandidos;, desabafou outro internauta.

A frase

"Ele não queria que ela viesse embora, e me disse que estava vindo escondida dele"
Júnior, amigo brasileiro de Cara que mora em Londres

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