Brasil

Agricultores ocupam mais uma fazenda de Dantas no PA

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postado em 05/08/2008 18:35
A fazenda Rio Cristalino, arrendada pela agropecuária Santa Bárbara, empresa pertencente ao grupo do banqueiro Daniel Dantas foi invadida por 600 agricultores no começo da semana passada. A ocupação da propriedade localizada em Santana do Araguaia, no sul do Pará, só se tornou conhecida hoje em razão de a empresa ter entrado com liminar de reintegração de posse na Justiça. Porém, o pedido ainda não foi despachado pela Vara Agrária de Marabá. O clima é tenso na área e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) prometeu que a propriedade não será desocupada tão cedo.

A Santa Bárbara teme que os agricultores destruam o pasto onde estão mais de 50 mil cabeças de gado. A Fetraf acusa a empresa de pressionar as famílias que ocupam desde o ano passado uma parte da fazenda a deixar as terras. Fazendeiros que também possuem negócios na área, alugando suas terras para grandes grupos criadores de gado, defendem a retirada dos invasores e ameaçam utilizar milícias armadas para expulsá-los da região. A polícia informa que só irá para o local se receber ordem do Comando-Geral da Polícia Militar (PM), em Belém.

A fazenda de 140 mil hectares, hoje com parte de suas terras dividida entre assentados, invasores e fazendeiros, já pertenceu à Volkswagen. No começo da década de 90 foi descoberta a existência de urânio em uma área da imensa propriedade.

O líder estadual da Fetraf, Francisco Carvalho, avisa que os sem terra irão resistir à eventual retirada das famílias. Para ele, a solução é a desapropriação total da fazenda para assentamento dos agricultores. A Santa Bárbara, por meio de sua assessoria, informou que embora não seja a dona da fazenda, ingressou com a ação judicial para garantir a permanência de seu gado nas pastagens.

Carajás
Das 18 fazendas compradas e arrendadas no Pará pela Santa Bárbara, duas estão invadidas. A primeira foi a Maria Bonita, no dia 25 de julho, em Eldorado dos Carajás. A Vara Agrária de Marabá determinou a desocupação, mas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) alega que ainda não foi notificado. "Ninguém pretende sair", disse o coordenador estadual do MST, Ulisses Manaças.

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