postado em 10/08/2008 20:15
O casamento do aposentado João Menjou, 76 anos, e da cabeleireira Maria de Lourdes Menjou, 68 anos, completou 44 anos neste domingo (10/08). Mas em vez de festa, a data foi marcada por lágrimas e tristeza. O marido, embriagado, a matou com um tiro no peito porque ela chegou tarde em casa, à 0h15 de hoje. A mulher tinha ido ao cinema para comemorar seu aniversário com a filha caçula, a arquiteta Simone Menjou Brandão, 37 anos.
O crime aconteceu no sobrado de número 323 da Rua Barão do Bananal, Pompéia, Zona Oeste da Capital, e chocou os moradores do bairro. Assim como Simone e sua irmã Sandra Menjou, 43 anos, os vizinhos mais próximos ao casal também não comemoraram o Dia dos Pais. O aposentado foi autuado em flagrante por homicídio no 7º DP (Lapa) e levado para a carceragem do 91º DP (Ceasa). A cabeleireira ainda foi socorrida no Hospital São Camilo.
Os PMs Walter Leme Graciano e Esteve do Nascimento, da 1ª Companhia do 4º Batalhão, foram os primeiros a chegar no sobrado Ambos ouviram de parentes dos Menjou que o casal discutiu muito nos últimos dias. Assim que a mulher entrou em casa com a filha, João, descontrolado, disse aos gritos: "Isso é hora de chegar. Ainda mais hoje, no dia do aniversário do nosso casamento".
Ainda nervoso, o aposentado tirou do coldre o revólver 38, tentou efetuar um disparo, mas a arma falhou. Em seguida, mirou no peito da mulher e apertou novamente o gatilho. Simone, mesmo desesperada, conseguiu desarmar o pai. João queria se matar com tiro na cabeça. Vizinhos ouviram o barulho e pularam o muro para entrar no sobrado. Pensaram que era um assalto.
"Ouvi um tiro e muita gritaria no sobrado. Corri para a rua. Pensei que ladrões tivessem invadido a casa deles. Os policiais chegaram rápido. O seu João foi algemado com as mãos para trás. Ele deu a impressão de estar embriagado. Não queria ser colocado na viatura. Resistiu", disse o gráfico Aristides Pereira Machado, 33 anos. Ele mora na casa de número 326, bem em frente ao sobrado dos Menjou.
Moradora há 25 anos na Rua Barão do Bananal, a dona de casa Amélia de Paula Limeira, 70 anos, também pensou que o casal Menjou tivesse sido vítima de assalto. Amélia conhecia bem Maria de Lourdes e ficou abalada com o crime: "Eu era cliente dela. Cortava o cabelo e fazia penteados com a Maria de Lourdes. Há três anos eles compraram o sobrado. Reformaram o imóvel. O marido fez o salão de beleza para ela trabalhar", acrescentou.
Amélia disse que Maria de Lourdes era alegre, calma e extrovertida. Afirmou ainda que o marido dela era sério e conversava pouco com os vizinhos. A auxiliar administrativa Jane Aparecida Fernandes, 40 anos, outra vizinha do casal, ficou chocada com o crime. "Essa rua é violenta. Tem muitos roubos de carro. Mas jamais pensei que fosse ocorrer um assassinato aqui do lado. É muito triste. Nem comemoramos o Dia dos Pais", acrescentou, emocionada.
No bairro, o aposentado costumava passear com o Fusca vermelho, placas CNS-6126/SP. "Ele amava esse carro", disse Adriano Martins, 31 anos, manobrista de um estacionamento na Rua Barão do Bananal. No vidro da janela lateral do Fusca, perto do banco traseiro, tinha um adesivo com a seguinte frase: ""Eu sou feliz por ser católico".
Maria de Lourdes também era católica. Amigos da cabeleireira contaram que ela freqüentava a Associação Maria Mãe da Igreja (AMMI), formada por um grupo de senhoras que se reúne todas as segundas-feiras para rezar na Catedral da Sé, na região central da Capital.
Além do revólver 38, policiais militares também apreenderam no sobrado um revólver calibre 32 e munição. Apenas a arma usada no crime tinha registro. João Menjou foi autuado pelo delegado Severino Pereira Vasconcelos e escrivão Bruno Marçal Padilha.
Policiais disseram que o aposentado seria transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Osasco, na Grande São Paulo. O enterro de Maria de Lourdes foi marcado para as 10h de amanhã no Cemitério da Lapa, Zona Oeste. A família não quis falar com a imprensa.