postado em 14/08/2008 17:33
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, negou nesta quinta-feira (14/08) que o país enfrente uma epidemia de infecções hospitalares provocadas por micobactérias de crescimento rápido. O contágio ocorre durante a realização de procedimentos cirúrgicos e pode provocar, por exemplo, cegueira, surdez e trombose. Desde 2003, já ocorreram 2025 casos de infecções, além de mais três em investigação no momento, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
- Não existe epidemia nenhuma. Existem casos isolados, em determinados estados e hospitais, que estão sendo analisados. Possivelmente, por não atenderem com rigor às exigências da legislação - disse o ministro, ao participar de entrevistas a emissoras de rádio.
Temporão afirmou que as normas estabelecidas pela Anvisa são "muito criteriosas" no que diz respeito aos procedimentos de desinfecção e esterilização de materiais usados em cirurgias. "A Anvisa está monitorando e já soltou um alerta nacional. É importante que as pessoas estejam conscientes e conversem com seus médicos sobre a qualidade do hospital onde pretendem fazer uma cirurgia eletiva, e (verifique) se a unidade cumpre com rigor as exigências legais", afirmou.
Na sexta-feira passada, a Anvisa emitiu nota técnica com um alerta sobre a ocorrência de infecções . Na segunda, a agência anunciou que pretende limitar o número de procedimentos cirúrgicos diários, especialmente os que usam pequenas câmeras de vídeo introduzidas nos pacientes. A medida deve ser adotada em todos os serviços de saúde do país para reduzir o número de infecções pós-cirúrgicas por micobactéria de crescimento rápido, relacionadas aos problemas na limpeza dos instrumentos. A finalidade é padronizar os procedimentos. No entanto, ainda não há uma data definida.
De acordo com o órgão, a aparelhagem, até então, vinha sendo apenas desinfetada, procedimento que dura em torno de 30 minutos, e não esterilizada, procedimento recomendado e que dura cerca de 10 horas.
Em 72% dos casos registrados pela agência, a bactéria se desenvolveu após cirurgias abdominais, videolaparoscopia, redução de duodeno e retirada de lipomas - sempre em procedimentos que utilizam câmeras de vídeo ou aparelhagem similar. Não há registro de casos provocados por exames e procedimentos de diagnóstico.
A Anvisa também sugere que os serviços de saúde que optem por outras substâncias para esterilizar os equipamentos e não mais o glutaraldeído 2% (mais usado atualmente), porque a bactéria tem demonstrado resistência ao produto.