postado em 26/08/2008 13:32
Um grupo de cerca de 500 manifestantes fechou nesta terça (26/08) a BR-174, que liga Boa Vista a Pacaraima, por quase três horas para pedir a manutenção demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Na quarta (27/08), o Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar a legalidade da demarcação, questionada por produtores de arroz e agricultores que vivem na área.
Sob sol forte, o protesto reuniu indígenas, agricultores, representantes dos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Além de defender a demarcação da Terra Indígena, o grupo aproveitou o bloqueio para pedir a posse de uma fazenda na beira da rodovia, ocupada há oito dias por cerca de 200 famílias.
;Os trabalhadores sem terra e os sem teto passam pela mesma situação que a gente, assim como eles sentem na pele o sofrimento de não ter sua casa, não ter sua terra, nós também estamos sofrendo para ficar na nossa terra;, comparou a coordenadora do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Marizete Macuxi.
Em cima de um carro de som, uma indígena entoava o canto do paricuari, pássaro da região, e dividia o microfone com o franciscano Frei Messias, organizador da manifestação. ;O tema central é o direito à terra, por isso juntamos vários movimentos sociais aqui;, apontou Marizete Macuxi.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a manifestação foi pacífica e apenas uma pessoa foi detida após furar o bloqueio e invadir a pista onde estavam os manifestantes.
De acordo com Marizete, amanhã um grupo de indígenas se reunirá no centro de Boa Vista para acompanhar o julgamento do STF. ;Estamos todos confiantes na decisão do Supremo, que eles [ministros] respeitem os nossos direitos, que estão amparados na Constituição Federal;.
A líder indígena negou que os índios favoráveis a manutenção da demarcação contínua estejam preparando alguma resistência violenta caso o STF decida pelo contrário, mas não descartou a possibilidade de conflito com os produtores de arroz.
;Para nós o clima está pacifico, mas ninguém sabe o que eles [agricultores] estão programando, o que eles estão preparando;.