Brasil

Advogada indígena faz discurso histórico na Corte

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Correio Braziliense
postado em 28/08/2008 09:24 / atualizado em 30/09/2021 10:05

Aos 34 anos, a advogada Joênia Batista de Carvalho fez história no Supremo Tribunal Federal (STF). No primeiro dia do julgamento sobre a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol (RR), a índia uapixana subiu à tribuna da mais alta Corte do país. Foi a primeira vez que um indígena fez uma sustentação oral na história do tribunal. Com a cara pintada, ela iniciou o discurso usando a língua de seu povo, para depois explicar o significado de suas palavras: “Eu disse que os nossos valores espirituais, nossas terras, nossa mata, nossa água devem ser considerados necessários para nossa vida. E que o Supremo coloque definitivamente essas garantias nesse julgamento, que coloque um ponto final nessa violência”. Apesar da tensa estréia, a advogada demonstrava tranqüilidade após cumprir a tarefa. “Estou com meus pajés. Estou protegida e sei que meus parentes dão muita força, onde quer que estejam”, disse. Mas admitiu o peso da tarefa. “Estar perante a Corte é como voltar para a faculdade. Para mim, foi um momento histórico e muito emocionante. Procurei falar com o coração. O difícil foi conciliar a emoção, os fatos e as questões técnicas durante o julgamento”, afirmou. Formada em 1997 pela Universidade Federal de Roraima, Joênia começou a carreira defendendo professores indígenas. Disse que resolveu estudar direito “em busca de justiça”, depois de ouvir, desde criança, as discussões sobre os direitos dos índios no país. Ela classificou sua participação no plenário como um momento de superação. “Por eu ter feito faculdade, muitas vezes ouvi no meu estado declarações de discriminação como se, pelo fato de eu ter estudado, não ser mais índia. Mas a verdade é que estou agregando valores que foram usados na nossa própria defesa”, afirmou. (MD e PO) Ouça podcast: Joênia Batista de Carvalho

 

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