postado em 28/08/2008 09:41
A diversidade do bairro do Bom Retiro, em São Paulo, deve virar patrimônio cultural do Brasil. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que vem estudando o reconhecimento da importância do local desde 2004, apresentou projeto, nessa quarta-feira (27/08), a lideranças das várias comunidades e etnias que vivem no bairro.
Segundo Simone Toji, coordenadora da pesquisa do Iphan sobre o Bom Retiro, a idéia do instituto é registrar as ruas do local como um bem imaterial do país já no ano que vem. É nelas, explicou ela, que muitos imigrantes italianos, judeus, árabes, coreanos, bolivianos e paraguaios que ingressaram no país desde o final do século 19 ou que continuam chegando se relacionam, transformando assim a cultura do bairro em uma riqueza nacional.
;Para muita gente, muita gente, o Bom Retiro é só um lugar de compras, mas ele é muito mais do que isso;, afirmou Flávia Brito do Nascimento, arquiteta e uma das pesquisadoras envolvidas no projeto. ;No bairro, imigrantes do mundo inteiro se reuniram devido à proximidade com a estação do trem, e trouxeram consigo seus costumes.;
Ela explicou que nas ruas do Bom Retiro realizam-se diversas feiras, manifestações culturais e religiosas que precisam ser preservadas. Existem também restaurantes, lojas e sedes de associações e grupos culturais que ajudam a definir a identidade multifacetada do bairro.
Com o reconhecimento do Iphan, o governo federal se tornará co-responsável pela manutenção do local e de suas características. Além de apoio financeiro, algumas ações para a organização de projetos de preservação passarão a ser financiadas pela União.
De acordo com Toji, o Iphan estuda também o tombamento histórico de seis edifícios do bairro: duas escolas, um antigo abrigo de imigrantes, duas igrejas e mais um teatro. Os prédios, segundo ela, também representam parte da diversidade do local e, por isso, devem ser incluídos no rol de lugares cujas características não podem ser modificadas.