Brasil

Ibama paga aluguel milionário por prédio do Instituto Chico Mendes

No DF, o Ibama tem imóveis com cerca de 20 mil m² de área construída. O Instituto Chico Mendes, porém, uma espécie de ;irmão mais novo;, vai pagar R$ 359 mil mensais pela sede

postado em 02/09/2008 09:21
Enquanto o perdulário Ibama administra (mal) seus 535 imóveis espalhados pelo país ; alguns deles cedidos há décadas a outras instituições públicas e até a organismos internacionais ;, o Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio) vai gastar R$ 4,3 milhões por ano para alugar uma sede própria (R$ 359 mil mensais) e outro R$ 1,5 milhão para pagar despesas com manutenção, água, energia, vigilância e limpeza, entre outros custeios. O local já foi escolhido: será no Setor Sudoeste de Brasília, área residencial de elevado padrão imobiliário.

Criado há pouco mais de um ano para administrar exclusivamente as unidades de conservação e florestas nacionais, a nova autarquia vai gastar, por ano, quase o dobro do custo de manutenção que o Ibama tem com seus mais de 500 prédios espalhados por 20 estados. Em Brasília, o Ibama tem imóveis que somam cerca de 20 mil m; de área construída (leia abaixo), o equivalente a uma imobiliária de tamanho médio da capital federal. Segundo informações da direção do ICMBio, porém, não há estrutura física compatível com as necessidades da nova autarquia. O mesmo parecer alegando incompatibilidade foi dado pela Secretaria de Patrimônio da União(SPU). ;Depois de consultado o Ibama e a GRPU, estes informaram formalmente, mediante documentos públicos, a inexistência de estrutura física compatível com a necessidade do ICMBio;, diz a nota do Chico Mendes.

Segundo o presidente do ICMBio, Rômulo Mello, a decisão de alugar um imóvel em Brasília para sediar o instituto foi em razão da necessidade de se redimensionar a estrutura física do novo órgão para que os técnicos possam trabalhar com boas condições técnicas e dignidade. ;Nós vamos mudar e alugar uma sede não porque queremos. Foi por absoluta falta de condições de trabalho e espaço;, justificou Mello.

Alternativas
A direção do ICMBio chegou a estudar algumas alternativas para instalar a sede do novo instituto em um dos imóveis do Ibama. Uma das opções foi o prédio na W3 Sul que está sendo ocupado pela sede da Polícia Rodoviária Federal. A mudança não foi viável, no entanto, por falta de alternativas para a polícia ; que só deve deixar o prédio no próximo ano. Rômulo Mello defende que a futura sede definitiva do ICMBio seja construída no terreno onde hoje está o conjunto de prédios que forma a sede do Ibama.

Pelo artigo 3; da lei que criou o ICMBio, a administração das 299 unidades de conservação foi transferida para a nova autarquia. Atualmente, esse patrimônio está em fase de mudança de dono. O instituto responsável pela gestão das florestas e parques nacionais, por exemplo, ainda não tem sedes regionais ou estaduais.

O aluguel de uma sede separada para o ICMBio provocou protestos da Associação dos Servidores do Ibama, que hoje também representa os funcionários transferidos para o Chico Mendes. Além de serem contra a divisão em duas das autarquias encarregadas da gestão da política ambiental, os sindicalistas denunciam o desperdício de recursos do órgão que, segundo eles, poderia ter a sede instalada nos atuais imóveis do Ibama. ;É um desperdício de recursos públicos e falta de racionalidade administrativa;, protesta o presidente da Asibama, Jonas Correa.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação