O Hospital de Campanha da Aeronáutica, anunciado pelo governo do estado de Pernambuco na última sexta-feira (29/08), começa a funcionar a partir desta terça-feira (02/09). A unidade foi montada na Avenida Armindo Moura, na divisa entre os bairros de Boa Viagem e Piedade, para amenizar os efeitos do movimento grevista dos médicos servidores do estado que vem prejudicando a população.
O hospital é semelhante aos montados em operações de guerra, mas neste caso não oferece estrutura para realização de cirurgias. Ao todo, são 12 tendas montadas com diferentes especialidades médicas, além de espaço para suprimento da tropa.
O comando da Aeronáutica orienta, no entanto, que as pessoas devem procurar primeiro os serviços oferecidos em uma tenda para atendimento instalada na Praça Salgado Filho, em frente ao Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, na Imbiribeira. No local será feita uma triagem dos pacientes.
Somente serão levados para as tendas da Armindo Moura os casos considerados mais graves pela equipe médica e que não possam ser solucionados na praça. A Aeronáutica vai disponibilizar um ônibus da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os doentes de um hospital de campanha para o outro.
Nos dois pontos haverá atendimento de ginecologia, ortopedia, pediatria e clínica médica. As unidades vão funcionar no período das 8h às 17h, inclusive aos sábados e domingos. Um total de 80 médicos veio de fora de Pernambuco para atuar nas duas tendas. Além desses especialistas, também chegaram ao estado outros profissionais que estão reforçando o atendimento nas emergências. Desde o último sábado, a força-tarefa já vem trabalhando no Hospital da Restauração, por exemplo.
Negociação
Na tarde dessa segunda (01/09), o secretário Paulo Câmara, da Administração do Estado, voltou a se reunir com os representantes do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) para discutir a proposta de reajuste salarial. Depois de duas horas de conversa, o grupo deu um intervalo e as negociações somente foram retomadas às 20h.
Os médicos pedem aumento do salário-base de R$ 1.900 para R$ 3.400; reajuste nos percentuais do Plano de Cargos Carreiras e Vencimentos, além de gratificação igual à recebida pelos neurocirurgiões. "O governo se reunirá internamente para trabalhar alternativas, incluindo a proposta de isonomia", disse, à tarde, Paulo Câmara.
No último domingo, governo, Ministério Público e médicos se reuniram depois de 73 dias sem negociação. No encontro ficou decidido que o governo vai revogar a portaria publicada na semana passada que exonerou 21 médicos demissionários e que não vai punir os médicos que faltaram aos plantões entre as 19h de sexta-feira e 7h de ontem.
Ao mesmo tempo, a categoria convocou os médicos da rede pública a comparecer aos postos de trabalho. Ainda hoje está marcada uma assembléia da categoria para discutir a contra-proposta do governo estadual. O vice-presidente do Simepe, Sílvio Rodrigues, disse que nesta terça-feira também está programada uma negociação com o secretário estadual de Saúde, João Lyra Neto.