postado em 04/09/2008 11:51
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, foi enfático ao defender a interrupção do aborto no caso de fetos diagnosticados anencéfalos, durante audiência pública que ocorre na manhã desta quinta-feira (04/09) no Supremo Tribunal Federal. Temporão criticou a interferência da religião no debate. "Não seria um controle político do corpo da mulher em nome de crenças, certezas absolutas?", disse. Segundo ele, como não há expectativa de vida do feto com anencefalia - quando não morre dentro do útero, sobrevive poucos minutos após o parto -, seria "cruel" submeter a mulher a uma gravidez nessa situação.
O ministro afirmou ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) está preparado para fazer diagnósticos de anencefalia, anomalia verificada por meio de ultra-sonografias entre a 12ª e 16ª semana de gestação. Ele mencionou que anualmente a rede pública de saúde faz cerca de 2,1 milhões de parto e 2,5 milhões de ecografias.
"Se o homem engravidasse, muitas dessa questões estariam resolvidas", provocou Temporão, que já se declarou publicamente favorável ao aborto no país. O STF terá de julgar uma ação, protocolada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, que pede a descriminalização da interrupção da gravidez no caso de anencefalia. Hoje, a mulher que recebe o diagnóstico da doença precisa pedir uma autorização judicial para fazer o aborto, sob o risco de ser penalizada com até três anos de prisão.